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Ilustríssima Conversa

Portuguese, Arts, 1 season, 171 episodes, 5 days, 7 hours, 21 minutes
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A equipe de jornalistas da Ilustríssima, da Folha, entrevista autores de livros de não ficção ou de pesquisas acadêmicas.
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Ronilso Pacheco: Extrema direita usa gramática religiosa em projeto de radicalização

A Igreja foi uma peça fundamental do colonialismo europeu e da escravização de africanos, mas a espiritualidade cristã pode se comprometer com um projeto de emancipação. Esse é o horizonte de "Teologia Negra: o Sopro Antirracista do Espírito", de Ronilso Pacheco, publicado em 2019 e relançado neste mês. Para Pacheco, a teologia não deve continuar a ser vista como uma área de estudo puramente especulativa, sem contato com a realidade social. Em vez disso, ele defende que se considere que a teologia nasceu no deserto, referência à jornada de libertação narrada no Êxodo. A religiosidade, nessa perspectiva, vem da experiência concreta da opressão —e a teologia negra, além de ressaltar as raízes africanas de acontecimentos e personagens bíblicos, disputa a própria ideia de uma espiritualidade universal, desvinculada da história dos povos. Pacheco é mestre em teologia pela Universidade Columbia, diretor do Iser (Instituto de Estudos da Religião), pastor auxiliar da Comunidade Batista e colunista do UOL. Na entrevista, ele afirma que a representação de Jesus como homem branco contribuiu para legitimar a escravidão e reverbera até hoje, por exemplo, na intolerância contra religiões de matriz africana. O pesquisador discute os riscos do nacionalismo cristão, movimento de extrema direita que, em sua avaliação, usa uma gramática religiosa para subjugar a sociedade a um cristianismo conservador, e aborda as perspectivas de organização política nesse contexto. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
9/14/202448 minutes, 19 seconds
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Marcelo Viana: Avanço da IA desafia ideia de superioridade humana

Em 1611, Johannes Kepler apontou que organizar laranjas como os feirantes fazem hoje em dia —em arranjos hexagonais e camadas sobrepostas— era a melhor forma de aproveitar o espaço disponível. O astrônomo e matemático alemão, no entanto, não conseguiu provar essa conjectura na época e o problema só foi de fato resolvido em 2017, mais de 400 anos depois. Tanto tempo para tão pouco, muitas pessoas podem pensar. Afinal, que diferença isso faz? Em "Histórias da Matemática: da Contagem nos Dedos à Inteligência Artificial" (Tinta-da-China Brasil), Marcelo Viana mostra que até as pesquisas mais teóricas podem dar origem a novas tecnologias, mesmo que, em alguns casos, isso demore vários séculos. O pesquisador escreve que o problema do empacotamento de esferas (o exemplo das laranjas) ajuda hoje a detectar e corrigir erros de transmissão de informações e que pesquisas sobre números primos foram fundamentais para desenvolver a criptografia moderna, além de lembrar os desdobramentos na astronomia e na física, por exemplo, viabilizados pela matemática. Não que a utilidade imediata deva ser o único critério da ciência, diz Viana, diretor-geral do Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), no Rio de Janeiro, um dos mais renomados centros de investigação matemática do mundo, mas pesquisadores não devem perder de vista as consequências concretas dos seus estudos. "Histórias da Matemática" reúne, em edição revista e atualizada, colunas publicadas na Folha, onde Viana escreve desde 2017.See omnystudio.com/listener for privacy information.
8/31/202442 minutes, 10 seconds
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Ligia Diniz: Ficção também deveria fetichizar corpos masculinos

Se a leitura de um romance é uma espécie de alucinação —em que a pessoa que lê experimenta a vida de personagens—, quantas vezes as mulheres alucinaram ser homens? Esse é um dos pontos de partida de "O Homem Não Existe: Masculinidade, Desejo e Ficção" (Zahar), de Ligia Gonçalves Diniz, crítica literária e professora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). No livro, a autora discute como essa alucinação, movida pela hegemonia masculina na literatura, molda a subjetividade das mulheres. Em primeiro lugar, Diniz questiona de que forma ler como um homem por tanto tempo influenciou como ela própria se vê no mundo. A pesquisadora busca ultrapassar os termos usuais da equação de gênero, discutindo como obras de ficção incorporam obsessões fálicas e narrativas elogiosas de homens em fúria. Na entrevista, Diniz insiste ser essencial trazer a noção de corpo para esse debate e defende que escritores misóginos e obras machistas não deixem de ser lidos, por permitirem, entre outros motivos, conhecer os opressores por dentro. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
8/17/202443 minutes, 41 seconds
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Paolo Demuru: Conspirações seduzem por oferecer encanto

Não é incomum que, depois de ver uma fake news ser desmentida, o que permaneça reverberando seja a própria informação falsa. Para Paolo Demuru, esse efeito mostra que tentar enfrentar a desinformação e narrativas conspiratórias usando só dados objetivos e argumentos racionais não é suficiente. Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Demuru discute em "Políticas do Encanto" os mecanismos do conspiracionismo e como as forças progressistas podem lidar com esse fenômeno. O autor aponta que fantasias de conspiração, além de oferecer explicações simples para problemas assustadores, permitem que as pessoas encontrem um propósito e se sintam parte de uma comunidade. Em outras palavras, proporcionam maravilhamento em um mundo competitivo e individualista. Neste episódio, Demuru debate a atitude preponderante em boa parte da esquerda hoje —que, por não se desvencilhar do que ele chama de supremacismo da razão, acaba se comportando como uma estraga festa. Para o pesquisador, recorrer à indignação só funciona até certo ponto: se quiser construir maiorias, a esquerda precisa apostar na esperança, disputar o encanto e usar o entusiasmo para engajar as pessoas. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
8/3/202447 minutes, 30 seconds
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Camilo Rocha: Música eletrônica combinou contracultura e elitização

A história de São Paulo é entremeada com a história da cena de música eletrônica da cidade. Camilo Rocha defende a ideia em "Bate-estaca", livro que registra as transformações da noite e da própria São Paulo desde o fim dos anos 1980, quando DJs deixaram de ser figuras quase desconhecidas, gêneros como house e techno tomaram as pistas e o movimento clubber ganhou força na cidade. O autor é, ao mesmo tempo, observador e participante da história que narra: DJ e jornalista, Rocha acompanhou as mudanças dos sons e dos comportamentos na noite paulistana, as marcas da desigualdade de São Paulo nesse universo cultural e a explosão das raves nas proximidades da capital. Também assistiu à hiperfragmentação e a elitização da música eletrônica que levaram à decadência da cena em São Paulo na metade dos anos 2000. Na entrevista, Rocha fala sobre os clubes underground que ajudaram a projetar drag queens ao mainstream da cultura brasileira e a oferecer espaços de socialização a pessoas LGBTQIA+ e das fricções entre utopias filiadas à contracultura e o impulso de sucesso comercial que permeiam essa história. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli Este episódio inclui a faixa "Gimme Fantasy", do DJ Mr. Gil See omnystudio.com/listener for privacy information.
7/20/202439 minutes, 34 seconds
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Natalia Viana: Sem Assange e WikiLeaks, não teria havido Vaza Jato e Lula 3

Natalia Viana tinha acabado de conhecer Julian Assange, em novembro de 2010, quando recebeu dele o recado em um papel: "Não fale uma palavra". A jornalista brasileira viajou para Londres sem saber quase nada sobre o projeto em que acabaria se envolvendo, mas logo se deu conta do alcance e dos riscos do que Assange e o WikiLeaks estavam planejando: a divulgação de 250 mil telegramas de embaixadas dos Estados Unidos. No recém-lançado "O Vazamento", a autora apresenta um balanço dessa experiência, que marcou a sua trajetória e mudou os rumos da sua carreira —bem como transformou o jornalismo nos anos 2010 e influenciou negociações diplomáticas e protestos populares ao redor do mundo. O livro transporta os leitores para o casarão, no interior da Inglaterra, em que a equipe se isolou antes da divulgação dos documentos e retrata a personalidade de Assange, registrando atitudes machistas e sua postura controladora, ao mesmo tempo que reconhece sua grandeza como figura histórica. O fundador do WikiLeaks passou os últimos 12 anos privado de liberdade. No fim de junho, ele se declarou culpado, como parte de um acordo para ser libertado, de uma acusação baseada na Lei de Espionagem dos EUA. Neste episódio, a jornalista diz que esse desfecho cria um precedente que ameaça o trabalho de jornalistas investigativos em todo o mundo e critica o uso, nos EUA, da ideia de segurança nacional para deslegitimar a publicação de documentos confidenciais de interesse público e apagar da história iniciativas como o WikiLeaks. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
7/6/202444 minutes, 14 seconds
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[Conteúdo Patrocinado] Podcast discute o combate à exploração sexual de crianças e adolescentes.

A cada hora, seis crianças ou adolescentes são vítimas de violência sexual no Brasil. Mas esse número deve ser bem maior, porque apenas 8,5% dos casos são notificados. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023 aponta ainda que denúncias desse tipo de violência aumentaram 16,4%, em 2022, e a maioria das vítimas tem entre 10 e 17 anos. O combate à exploração sexual de crianças e adolescentes é causa social da Vibra, a maior distribuidora de combustíveis e lubrificantes do Brasil, e tema de podcast realizado em parceria com o Estúdio Folha, ateliê de conteúdo patrocinado da Folha de S.Paulo.See omnystudio.com/listener for privacy information.
6/27/202437 minutes, 17 seconds
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Raquel Barreto: Lélia Gonzalez captou resistência de negros em festas populares

Lélia Gonzalez (1935-1994), uma das mais celebradas intelectuais negras brasileiras do século 20, publicou dois livros em vida. "Lugar de Negro" saiu em 1982, em coautoria com Carlos Hasenbalg. Já "Festas Populares do Brasil" foi lançado cinco anos depois. A obra teve patrocínio da Coca-Cola, e seus 3.000 exemplares foram distribuídos como presente de fim de ano. Por isso, o livro sempre teve uma circulação muito restrita —até agora, quando chega ao mercado em uma edição da Boitempo com materiais inéditos e textos de apoio. Neste episódio, o podcast recebe Raquel Barreto, curadora-chefe do Museu de Arte Moderna do Rio, pesquisadora do pensamento de Lélia e autora do prefácio de "Festas Populares do Brasil". Ela discute como Lélia interpretou no trabalho a formação da cultura brasileira, partindo da ideia de que os africanos trazidos para o Brasil precisaram encontrar formas para recriar suas práticas culturais nos interstícios da escravidão, e fala sobre o papel das imagens na obra. O volume têm registros do bumba meu boi de São Luís, das cavalhadas de Pirenópolis, da celebração de Iemanjá de Salvador e do Carnaval do Rio, entre outras festas, produzidos por fotógrafos como Januário Garcia, Marcel Gautherot, Maureen Bisilliat e Walter Firmo. Veja aqui galeria de fotos do livro Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli Leitura de trecho do livro: Priscila Camazano See omnystudio.com/listener for privacy information.
6/22/202437 minutes, 33 seconds
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Carlos Poggio: Brasil freou ação imperial dos EUA na América do Sul

Para entender como os EUA exercem seu poder no resto do continente, é preciso se afastar do conceito de América Latina. Essa ideia é defendida por Carlos Poggio em "O Império Ausente", resultado da sua tese de doutorado em relações internacionais. Poggio, hoje professor universitário no Kentucky, ressalta que o padrão de intervenção dos EUA nos últimos dois séculos foi muito diferente na região que abarca o México, a América Central e o Caribe e na América do Sul. O pesquisador aponta que, na sua vizinhança mais imediata, os Estados Unidos consolidaram uma ação imperial mais nítida —com a desestabilização indireta de governos eleitos ou a invasão de países por tropas militares. Na América do Sul, por outro lado, o Brasil, pilar da estabilidade regional, afetou a equação de custos e benefícios de intervenções americanas mais severas. Essa análise dá peso à política externa brasileira e refuta a ideia de que o país segue os ditames de Washington como um fantoche. O retrato que emerge, no entanto, pode ser ainda mais desabonador para o país, como no caso do envolvimento da ditadura militar brasileira no golpe no Chile em 1973. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
6/8/202444 minutes, 19 seconds
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Luís Fernando Tófoli: Ayahuasca não pode ser sequestrada pelo capitalismo

O Ilustríssima Conversa desta semana recebe Luís Fernando Tófoli, professor de psiquiatria da Unicamp e coordenador da Icaro, rede de pesquisa e divulgação sobre a ayahuasca. Tófoli é um dos organizadores de uma coletânea de textos sobre a bebida psicodélica. "Visões Multidisciplinares da Ayahuasca" reúne trabalhos que analisam, entre outros temas, a história do uso do chá no Brasil, as evidências de seu potencial no tratamento de transtornos mentais e seus efeitos no cérebro humano. Na entrevista, Tófoli discute a evolução das pesquisas sobre a ayahuasca e o que se sabe hoje sobre seus efeitos terapêuticos em pacientes com depressão e o que ainda precisa ser investigado. O pesquisador também trata das demandas de povos originários —a ayahuasca, afinal, tem raízes em grupos indígenas da América do Sul— e dos rumos atuais da política de drogas do Brasil. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
5/18/202444 minutes, 30 seconds
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Pedro Arantes: PT virou unidade de política pacificadora

A imagem de uma multidão rumando às sedes do poder para derrubar um regime político não era, até pouco tempo atrás, uma fantasia da direita. Rebeliões desse tipo foram uma utopia da esquerda desde, pelo menos, a Revolução Russa. A invasão do Capitólio e o 8 de Janeiro escancaram, nesse sentido, uma grande transformação simbólica. As sucessivas inversões entre direita e esquerda, ordem e desordem e pacificação e insurgência na história brasileira recente são o fio condutor de "8/1: a Rebelião dos Manés" (Hedra), de Pedro Arantes, Fernando Frias e Maria Luiza Meneses. Arantes, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e convidado deste episódio, defende que as forças progressistas devem levar a sério as propostas e as ações da extrema direita brasileira. Para ele, o 8 de Janeiro é uma oportunidade para a esquerda refletir sobre seus rumos recentes —em uma conjuntura de perda de vitalidade e conformação em administrar uma ordem precária e desigual. Na entrevista, o pesquisador aborda as prisões e as condenações de participantes do 8 de Janeiro. Para Arantes, Alexandre de Moraes e o STF estão subindo a régua do punitivismo, o que instaura um controle totalitário sobre iniciativas de contestação social que se abate tanto sobre golpistas de direita quanto sobre movimentos de esquerda. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
5/4/202454 minutes, 5 seconds
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Monica Benicio, viúva de Marielle: Prisões não encerram luta por justiça

Pouco mais de seis anos depois do assassinato de Marielle Franco, a Polícia Federal prendeu no fim de março o deputado federal Chiquinho Brazão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil fluminense. Esse desfecho, porém, não deve ser visto como o fim do movimento de luta por justiça por Marielle Franco e Anderson Gomes, diz Monica Benicio, viúva da vereadora. Para ela, que hoje também ocupa uma cadeira na Câmara Municipal do Rio pelo PSOL, as investigações precisam continuar para apurar a eventual participação de outras pessoas no caso. Benicio defende, por outro lado, que o clamor pela elucidação do crime se desdobre em um projeto de futuro —de combate às desigualdades e às opressões de gênero, orientação sexual e raça. Ela acaba de lançar "Marielle & Monica: uma História de Amor e Luta", obra que apresenta um relato íntimo do relacionamento entre elas. Benicio expõe os altos e baixos de uma relação intensa e o sofrimento depois do assassinato de Marielle, período em que enfrentou depressão, alcoolismo e diz ter encontrado no engajamento político e na escrita das memórias da sua vida com Marielle caminhos para elaborar seu luto. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/20/202443 minutes, 59 seconds
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Carlos Fico: O que separa o discurso bolsonarista da propaganda da ditadura

Mesmo quem nasceu depois do fim da ditadura provavelmente tem na cabeça alguns dos slogans ou das canções criados pelo regime militar. "Este é um país que vai pra frente" e "Brasil: ame-o ou deixe-o" continuam ecoando quase 40 anos depois da redemocratização, o que indica que a propaganda teve êxito em seus objetivos. Para Carlos Fico, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), isso se deve, sobretudo, à forma como a ditadura militar mobilizou um imaginário nacional muito arraigado: a visão otimista que concebia o Brasil como um país destinado à grandeza. O historiador acaba de lançar uma nova edição de "Reinventando o Otimismo", livro que examina como a ditadura mobilizou os discursos otimistas sobre o Brasil para criar uma propaganda que parecia despolitizada. Neste episódio, Fico afirma que as campanhas do regime encapsulavam a ideia, dominante entre os militares, de que a sociedade brasileira precisava ser tutelada pelas Forças Armadas para que o país pudesse se desenvolver. O autor também compara a utopia da ditadura, que imaginava um futuro brilhante para o Brasil, e os discursos atuais do bolsonarismo e da extrema direita, centrados na restauração dos valores de um passado visto com nostalgia. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Laila Mouallem e Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/6/202447 minutes, 5 seconds
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Fernando Pinheiro: Como Clarice Lispector e Paulo Coelho forjaram suas imagens literárias

Uma obra literária, diz Fernando Pinheiro, professor de sociologia da USP, pode ser entendida como a soma do texto escrito e da imagem do seu autor —e a forma como os escritores se projetam tem forte influência sobre a posição que conseguem alcançar no sistema literário. No recém-publicado "O Mago, o Santo, a Esfinge", Pinheiro se concentra nas representações de Paulo Coelho, Manuel Bandeira e Clarice Lispector. Os ensaios reunidos no livro analisam como os autores se tornaram personagens distintos da literatura brasileira. Neste episódio, o pesquisador discute por que Paulo Coelho, mesmo tendo vendido mais de 300 milhões de cópias em todo o mundo, nunca ultrapassou uma condição marginal no campo literário do país. Pinheiro também explora como Clarice Lispector, por outro lado, conseguiu manejar um aparente paradoxo: se transformar em esfinge, considerada até hoje uma escritora indecifrável e, ao mesmo tempo, recusar a figura de intelectual, afirmando, por exemplo, que não gostava de ler e que escrevia crônicas para se sustentar. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
3/16/202443 minutes, 55 seconds
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Mauricio Stycer: Como Gilberto Braga mudou as novelas no Brasil

Poucos nomes marcaram tanto a telenovela no Brasil quanto Gilberto Braga. Nas quatro décadas em que escreveu para a TV, criou grandes sucessos, abordou temas que se tornaram discussões nacionais e cativou intelectuais como nenhum outro colega de profissão. Também trouxe uma sensibilidade diferente para o gênero, com um olhar mais sofisticado para o mundo dos ricos e das classes médias. A trajetória do escritor é tema da biografia "Gilberto Braga: O Balzac da Globo" (ed. Intrínseca), escrita por Mauricio Stycer. "A obra dele tinha características que permitiam fazer essa alusão a Balzac", comenta o biógrafo, jornalista especializado em TV e colunista da Folha. Na entrevista ao Ilustríssima Conversa, Stycer fala sobre essa trajetória e como Gilberto Braga e outros autores fizeram da novela o grande produto audiovisual brasileiro. Produção e apresentação: Marco Rodrigo Almeida Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
3/2/202452 minutes, 17 seconds
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Noemi Jaffe: Literatura precisa perturbar o leitor

A escritora Noemi Jaffe se inspirou em sua experiência como professora de escrita de ficção para compor seu mais recente livro, "Escrita em Movimento: Sete Princípios do Fazer Literário". Noemi encara a escrita como um longo processo de aprendizagem que nunca tem fim, por mais consagrado que seja um autor. E a autora também não acredita em regra rígidas ou fórmulas engessadas para a criação. No lugar disso, Noemi apresenta sete princípios que, a seu ver, são comuns aos bons textos literários: palavras, simplicidade, consciência narrativa, originalidade, estranhamento, detalhes e experimentação. Neste episódio, ela comenta desde questões mais práticas a outras mais literárias e teóricas. "Tem muito esse pensamento de que a arte deve distrair, e eu acho contrário. Acho que a arte precisa contrair, sei lá, deixar a pessoa mais incomodada, deixar a pessoa perturbada. Grande parte da boa literatura é sobre coisas ruins mesmo, sobre coisas difíceis de enfrentar" reflete. Produção e apresentação: Marco Rodrigo Almeida Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
2/17/202442 minutes
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Guilherme Varella: Carnaval de rua não é bagunça, é direito constitucional

O Carnaval de rua de São Paulo, cidade tantas vezes chamada de túmulo do samba, despertou nos últimos dez anos. Antes acanhada, a festa viu o número de blocos e foliões se multiplicar —e o interesse de patrocinadores aumentou, como também cresceram os conflitos com moradores e episódios de repressão policial. Guilherme Varella foi um dos coordenadores da política para o Carnaval de rua de São Paulo desenhada a partir de 2013, na gestão Fernando Haddad (PT). Em sua tese de doutorado, agora publicada em livro, ele analisa as balizas, as disputas e os resultados dessa política pública. Hoje professor da UFBA (Universidade Federal da Bahia), Varella propõe em "Direito à Folia" que a ocupação de ruas e espaços públicos por blocos é um direito constitucional, que deve ser viabilizado pelo Estado, não domesticado ou reprimido. Neste episódio, ele fala sobre os significados históricos e políticos do Carnaval de rua e discute algumas das tensões que cercam essa manifestação cultural, como o crescimento dos megablocos e as ameaças representadas pela "ambevização", do seu ponto de vista, à preservação do espírito transgressor do Carnaval. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
2/3/202455 minutes, 57 seconds
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Christian Dunker: Psicanálise deve descer do pedestal para dialogar com críticos

No ano passado, houve uma reação intensa ao enquadramento da psicanálise como pseudociência em "Que Bobagem!", livro de Natalia Pasternak e Carlos Orsi. A contenda motivou Christian Dunker, professor da USP, e Gilson Iannini, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a escrever o livro-resposta "Ciência Pouca É Bobagem: Por Que a Psicanálise Não É Pseudociência", publicado em dezembro. O trabalho parte das críticas à psicanálise que vieram à tona para discutir, de forma mais ampla, a cientificidade e a eficácia do campo psicanalítico. Dunker e Iannini investem em três frentes para se contrapor à conceituação da psicanálise como pseudociência. Os autores apresentam evidências para sustentar que a psicanálise tem resultados clínicos, afirmam que uma crença estreita no cientificismo guia parte dos críticos e defendem que as bobagens, vistas como expressões sem significado em outras áreas do conhecimento, são essenciais na escuta psicanalítica. Dunker, convidado deste episódio, não faz, por outro lado, uma defesa cega de seus colegas: em sua avaliação, psicanalistas brasileiros se acostumaram a habitar um condomínio elitista, se recusam a dialogar com profissionais de outros campos e justificar suas práticas e precisam descer do pedestal para enfrentar a transformação que a psicanálise deve sofrer nos próximos anos. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
1/20/202446 minutes, 16 seconds
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Rodrigo Nunes: Política pode ser vista como ecologia

Rodrigo Nunes, professor da Universidade de Essex, no Reino Unido, se debruça em seu livro mais recente sobre os grandes dilemas da organização política, que tem oscilado, nas últimas décadas, entre perspectivas mais verticais ou mais horizontais, mais ou menos centralizadas, mais hierarquizadas ou mais autonomistas. Em "Nem Vertical Nem Horizontal", o autor defende que não faz sentido pensar em uma forma ideal de mobilização política: as dinâmicas de organização são contingentes historicamente e, para Nunes, a transformação social depende da articulação de atores políticos com escalas de ação, estratégias e objetivos diversos, muitas vezes conflitivos. Neste episódio, o pesquisador discute as linhas gerais do argumento da obra, publicada originalmente em 2021, como a ideia de que a organização está em toda parte e que a política pode ser entendida como uma ecologia —uma trama que faz com que todos os sujeitos políticos sejam interdependentes e que nenhum deles consiga olhar a realidade social de fora dela. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
12/9/202347 minutes, 20 seconds
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Autora fala de livro sobre Mengele, nazista que se escondeu no Brasil

Josef Mengele, médico que torturou e matou milhares de pessoas em Auschwitz, levou uma vida pacata no Brasil nos anos 1960 e 1970. Depois da queda de Hitler, Mengele se instalou na Argentina de Perón, fugiu em seguida para o Paraguai e, por fim, chegou ao Brasil, onde contou com uma rede de amigos leais para protegê-lo e alguns golpes de sorte que evitaram que fosse capturado. Sua identidade foi preservada mesmo depois da sua morte. Mengele se afogou em uma praia em Bertioga em 1979 e foi enterrado com um nome falso em Embu das Artes. A história do fugitivo nazista no Brasil só foi descoberta seis anos depois, causando furor no país e no exterior. Betina Anton, jornalista da Globo e autora de "Baviera Tropical", tinha seis anos quando a sua professora não apareceu mais na escola. Anton descobriu, anos depois, que ela havia sido uma das responsáveis por dar guarida a Mengele, e desse entrecruzamento surgiu a ideia de esquadrinhar os anos do médico nazista no Brasil. Neste episódio, a autora fala sobre as fontes de pesquisa de seu livro, os experimentos de Mengele com prisioneiros do campo de concentração e os riscos da extrema direita e de ideologias racistas, que ainda persistem. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Laila Mouallem See omnystudio.com/listener for privacy information.
11/25/202335 minutes, 42 seconds
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Marcelo Medeiros: Desigualdade de gênero e raça vai muito além de questão identitária

Marcelo Medeiros, professor visitante na Universidade Columbia, em Nova York, defende que toda política deve ser uma política de combate à desigualdade. Em "Os Ricos e os Pobres", o pesquisador expõe alguns contornos da gigantesca concentração de renda do Brasil: os 5% mais ricos da população se apropriam de metade do crescimento econômico do país, enquanto as pessoas entre os 50% mais pobres vivem com menos de R$ 30 por dia. No livro, o economista e sociólogo também aponta que os 80% mais pobres da população brasileira compõem um universo relativamente igualitário, enquanto o grupo dos mais ricos é muito heterogêneo, com grandes variações de renda. Neste episódio, Medeiros diz que não existe panaceia para reduzir os níveis de desigualdade no Brasil. Em sua avaliação, esse processo, de longo prazo, requer uma mobilização política de envergadura e vai esbarrar em resistências de grupos organizados. O pesquisador também discute a sobreposição de desigualdades de gênero, raça e renda no Brasil e afirma que tratar a discriminação de negros e mulheres no mercado de trabalho a partir da noção de política identitária é uma bobagem. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Laila Mouallem See omnystudio.com/listener for privacy information.
11/11/202332 minutes
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Larissa Bombardi: Agrotóxicos criam colonialismo que chega às células

A agricultura deixou de ser um sinônimo de produção de alimentos há algumas décadas, desde que corporações globais passaram a dominar o setor, diz a professora da USP Larissa Bombardi. Para a pesquisadora, a massificação do uso de agrotóxicos cria um novo tipo de violência, agora por meio de moléculas que alcançam as células de humanos e outros animais e provocam danos à saúde e ao meio ambiente. Em "Agrotóxicos e Colonialismo Químico", Bombardi discute o duplo padrão de países europeus, que permitem a exportação de agrotóxicos banidos em seus territórios, o que, para ela, molda uma geografia do abismo, permitindo que empresas químicas da Europa faturem bilhões com a venda de seus produtos para países periféricos. Neste episódio, a geógrafa afirma que as mulheres estão entre as mais afetadas pelo uso de agrotóxicos e, ao mesmo tempo, são protagonistas em movimentos de denúncia desse modelo de produção e em experiências de agroecologia. Bombardi também falou sobre a liberação de agrotóxicos durante o governo Bolsonaro (PL) e das intimidações que a fizeram deixar o Brasil. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
10/21/202346 minutes, 54 seconds
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Aviso: Novo episódio vai ao ar em 21 de outubro

Em razão do feriado, o novo episódio do Ilustríssima Conversa vai ao ar em 21 de outubro.See omnystudio.com/listener for privacy information.
10/14/202330 seconds
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Flavia Rios: STF branco reflete racismo estrutural do Brasil

Branquitude, democracia racial, interseccionalidade, mestiçagem, raça —os termos usados no debate étnico-racial são complexos, têm histórias longas e podem ser objeto de interpretações disputadas. Para ajudar leitores interessados a navegar por esse universo, Flavia Rios, Marcio André dos Santos e Alex Ratts organizaram o recém-publicado "Dicionário das Relações Étnico-raciais Contemporâneas". O livro tem 55 verbetes, escritos por mais de 70 especialistas, que dão uma visão geral da trajetória acadêmica de cada expressão, seus principais autores e as críticas mais comuns que recebem. Convidada deste episódio, Rios discute o conceito de identidade, um dos termos mais controversos do debate atual, e diz estar convencida que o racismo pode ser entendido como estrutural no Brasil —em contraposição à interpretação de Muniz Sodré— e que a composição majoritariamente branca do STF é um sintoma desse fenômeno. Para ela, Lula erra ao criar obstáculos à indicação de uma mulher negra à corte e perde a chance de acompanhar o debate global sobre a representação de grupos radicalizados em instâncias de poder. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
9/30/202342 minutes, 28 seconds
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Bruno Paes Manso: Periferias criaram governo de baixo para cima com facções e igrejas

Um homicídio em 1993 deu origem a conflitos que resultaram em 156 mortes em cinco anos. Esse dado, incluído em "A Fé e o Fuzil", de Bruno Paes Manso, sintetiza o cenário de violência nas periferias de São Paulo na época: um assassinato levava a ciclos de vingança intermináveis, produzindo um efeito bola de neve. A situação, que parecia não ter saída, foi pouco a pouco se distensionando. Não de cima para baixo, a partir das polícias ou da Justiça, mas principalmente de baixo para cima, argumenta o jornalista em seu livro recém-lançado. Manso chama a atenção para o novo sistema de valores difundido por igrejas pentecostais e por facções criminosas e afirma que a reprogramação de mentes por meio da conversão permitiu que o Brasil popular das periferias inventasse mecanismos para se governar. Neste episódio, o autor diz que a onda pentecostal recorre à imagem do Deus vingativo do Antigo Testamento e impulsiona discursos de batalha espiritual e perseguição a infiéis, em que a pretensa guerra do bem contra o mal logo passa a influenciar os rumos da política nacional. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
9/16/202346 minutes, 53 seconds
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Gabriela Leal: Grafitti não é tinta no muro, é reinvenção da cidade

O grafitti —uma das expressões da cultura hip-hop, que completa 50 anos— é muito mais que tinta no muro, diz a antropóloga Gabriela Leal. Autora de uma dissertação de mestrado sobre os usos do espaço urbano no universo da arte de rua, ela afirma que o grafitti é uma maneira de existir nas cidades, que molda como seus praticantes concebem o mundo e se enxergam nele. A pesquisa, agora editada no livro "Cidade: Modos de Ler, Usar e se Apropriar", descreve os princípios éticos e morais que regem a cena do grafitti em São Paulo. Leal também registra as relações entre os praticantes e seus espaços de socialização na cidade, apontando como o conhecimento é transmitido entre as gerações e como os iniciantes se formam e constroem sua reputação. Neste episódio, a pesquisadora discute como uma distinção entre arte e vandalismo passou a estruturar os discursos e as leis sobre o grafitti e a pixação e explora algumas das contradições que os grafiteiros enfrentam ao tentar se inserir no mercado de arte, um movimento que vem se intensificando nas últimas décadas. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli Ouça o novo podcast da Folha, Caso das 10 milSee omnystudio.com/listener for privacy information.
9/2/202348 minutes, 7 seconds
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Antônio Bispo: Estado e partidos são colonialistas

O pensador quilombola Antônio Bispo dos Santos buscou no Gênesis o documento de fundação da humanidade eurocristã. Para ele, ao apartar os humanos da natureza e criar a imagem de um Deus terrorista, a Bíblia deu origem à cosmofobia, um regime monoteísta em que só cabe um modo de existir no mundo. Essa impossibilidade de relacionamento orgânico com outras vidas, ele diz, é o pilar do colonialismo e explica a perseguição aos povos tradicionais, que se veem como criaturas da natureza e não têm a pretensão de se tornar criadores de um mundo sintético. Bispo apresenta, em "A Terra Dá, a Terra Quer" (Ubu), sua crítica ao pensamento decolonial e defende que o Estado, os partidos políticos e os sindicatos carregam o colonialismo em suas estruturas e que, por isso, os governos reproduzem essa lógica, sejam de direita, sejam de esquerda. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
8/19/202349 minutes, 32 seconds
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Rosane Svartman: o presente e o futuro das novelas

As telenovelas não só sobreviveram às mudanças tecnológicas, mas também são a melhor aposta para o futuro do audiovisual brasileiro. É o que argumenta Rosane Svartman, autora da novela "Vai na Fé", um dos maiores sucessos recentes da TV Globo, que levou à telinha uma protagonista evangélica. Além de trabalhar como criadora, Svartman também tem um trabalho como pesquisadora. Ela acaba de publicar "A Telenovela e o Futuro da Televisão Brasileira" (ed. Cobogó), fruto da pesquisa de doutorado dela na UFF (Universidade Federal Fluminense). Na obra, Svartman explica as matrizes do gênero, conta como funciona a criação de uma história do tipo nos bastidores —e analisa como fica a novela com as transformações recentes do mercado audiovisual. Convidada do Ilustríssima Conversa deste sábado (5), Svartman discute ainda o que as novelas brasileiras têm de particular, analisa a influência delas nos debates da sociedade e projeta qual será o papel dessas narrativas no futuro.  Produção e apresentação: Maurício Meireles Edição de som : Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
8/5/202344 minutes
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Arqueóloga revolucionou a região da Serra da Capivara, diz autora

A arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon, que recentemente completou 90 anos de idade, é a grande responsável pelo projeto que transformou a Serra da Capivara em parque nacional, e promoveu mudanças drásticas na vida da população que habitava a região. Para contar essa história, a jornalista Adriana Abujamra viajou ao sertão do Piauí, onde conversou com a arqueóloga e com muitos dos outros personagens envolvidos no processo de construção do patrimônio cultural. Os relatos se somam à pesquisa de Adriana, convidada do Ilustríssima Conversa deste sábado (22), no livro "Niéde Guidon: uma arqueóloga no sertão", da editora Rosa dos Tempos. Foi a partir dos anos 1970 que Niéde pôde ver de perto as pinturas rupestres e iniciar os trabalhos de escavação que, de tão surpreendentes, colocaram em dúvida a teoria corrente sobre a origem do homem nas Américas. A questão permanece um impasse científico entre especialistas. Os sertanejos que ocupavam o local têm uma relação complexa com a arqueóloga. Alguns foram removidos de suas terras, e a culpam por isso, outros puderam ficar e veem nela o esforço contínuo por melhorar as condições de vida na Serra da Capivara. Produção e apresentação: Caio Sens Edição de som: Raphael Concli Os áudios usados na entrevista foram gravados por Adriana Abujamra e cedidos ao podcast.See omnystudio.com/listener for privacy information.
7/22/202340 minutes, 18 seconds
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Roberto Andrés: Junho de 2013 tornou passe livre um debate real

O Ilustríssima Conversa volta ao debate sobre os 10 anos de Junho de 2013. O convidado do episódio deste sábado (8), o urbanista Roberto Andrés, acaba de lançar o livro "A Razão dos Centavos - Crise Urbana, Vida Democrática e as Revoltas de 2013" (ed. Zahar). Em um panorama amplo que vai do período imperial ao terceiro mandato de Lula, Andrés mostra como a urbanização descontrolada e os problemas de transporte público intensificam a desigualdade e estimularam revoltas ao longo da história. Professor da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais, Andrés realça em sua pesquisa o vínculo central da crise urbana com Junho de 2013, embora os protestos tenham depois sido associados a uma vasta gama de pautas e reivindicações. Como legado positivo dos atos, ele destaca que a ideia da tarifa zero para o transporte público deixou de ser um sonho para se tornar um debate possível, encampado até por prefeitos de fora da esquerda. Por outro lado, o autor pondera que a agenda urbana continua sem receber a devida atenção por parte do governo federal. Produção e apresentação: Marco Rodrigo Almeida Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
7/8/202343 minutes, 19 seconds
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Como Oswald de Andrade conheceu Vinicius de Moraes fugindo da guerra

Em 1939, o poeta, escritor e polemista Oswald de Andrade, um dos expoentes da Semana de Arte Moderna de 1922, foi à Europa representar o Brasil num congresso literário. Àquela altura, ele e sua então mulher, a poeta Julieta Barbara Guerrini, tinham decidido passar uma temporada no Rio de Janeiro. O casal partiu da Praça Mauá rumo a Londres, de onde iriam para Estocolmo, onde encontrariam escritores de diversos países. O que os dois não esperavam é que as tropas de Hitler fossem invadir a Polônia, dando início ao que seria a Segunda Guerra Mundial. O escritor, pesquisador e também músico carioca Mariano Marovatto, convidado do podcast Ilustríssima Conversa deste sábado (24), conta as peripécias de Oswald e Julieta na Europa em seu recém-lançado "A Guerra Invisível de Oswald de Andrade" (editora Todavia). O fundamental naquele momento era dar um jeito de retornar ao Brasil. A melhor opção era tentar ir para Portugal, país que havia se declarado neutro. O casal passou por boas aventuras antes de conseguir chegar a Lisboa –entre elas, uma movimentada viagem a bordo de uma ambulância. Na capital portuguesa, entre outros episódios, o livro narra o encontro de Oswald com o jovem poeta carioca Vinicius de Moraes. Produção e apresentação: Marcos Augusto Gonçalves Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
6/24/202342 minutes, 57 seconds
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O Homem do Sapato Branco e o sensacionalismo na TV, com Mauricio Stycer

Jacinto Figueira Júnior, conhecido como o Homem do Sapato Branco, foi um dos precursores do sensacionalismo na TV brasileira, com programas que apelavam a crimes, barracos de vizinho e confusões na rua. O personagem é o tema do livro "O Homem do Sapato Branco: A Vida do Inventor do Mundo Cão na Televisão Brasileira" (ed. Todavia), do jornalista, crítico de TV e colunista da Folha Mauricio Stycer, que é o convidado do Ilustríssima Conversa deste sábado (10). "Sempre me interessaram as ondas de sensacionalismo na história da TV brasileira", diz Stycer. "Em diferentes momentos, há um excesso de apelação e, depois, um refluxo." Escolheu Jacinto porque, a partir da trajetória dele, é possível ver como esse tipo de programa se estabeleceu no país. Entre os anos 1960 e os anos 1990, com intervalos e um período de ostracismo no meio, o apresentador teve várias encarnações na TV, dos primórdios da TV Cultura —que ainda tinha Assis Chateaubriand como dono— aos primeiros passos da TV Globo e do SBT. O apresentador até promoveu inovações na TV ao trazer para o debate público assuntos que não eram retratados ou ao mostrar o que acontecia nas ruas, mesmo com câmeras difíceis de tirar do estúdio. Mas também deixou heranças problemáticas, que podem ser vistas no trabalho de herdeiros atuando hoje na televisão. Na entrevista ao Ilustríssima Conversa, Stycer conta a trajetória do Homem do Sapato Branco, discute os problemas dos programas sensacionalistas na TV e analisa os dilemas da mistura entre jornalismo e entretenimento. O autor também discute a moda das produções sobre crimes reais, as questões éticas envolvidas na exposição da violência –e como fica o trabalho da crítica de TV no meio disso.See omnystudio.com/listener for privacy information.
6/10/202339 minutes, 6 seconds
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Angela Alonso: País perdeu chance de isolar direita autoritária em 2013

Não basta olhar as Jornadas de Junho de 2013 como a origem de sucessivas crises políticas que o Brasil viveu depois delas. Para entender os protestos que explodiram dez anos atrás, é preciso avaliá-los como uma consequência —e analisar as causas que levaram à sua eclosão. É essa a espinha dorsal do novo livro de Angela Alonso, professora de sociologia de USP e pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), que também é colunista Folha. Alonso é a convidada do Ilustríssima Conversa deste sábado (27). Em "Treze - A Política de Rua de Lula a Dilma" (Companhia das Letras), ela analisa as transformações que a chegada do PT ao poder provocou na política de rua, com movimentos à esquerda e à direita começando a articular uma crítica ao governo. Alonso mapeia os grupos que passaram a se organizar e também os principais conflitos que se desenrolavam na sociedade brasileira desde o começo das gestões petistas, de pautas econômicas a questões morais. A socióloga sustenta que o governo de Dilma Rousseff e analistas políticos falharam em identificar os movimentos de direita nas ruas e reconhecê-los como atores políticos legítimos. Essa dificuldade impediu que esses grupos fossem levados à mesa de negociação e tivessem suas demandas ouvidas "Como a interpretação dominante é que eram protestos à esquerda, a resposta governamental também foi à esquerda", afirma ela. "Se esses movimentos tivessem sido ouvidos, teria havido a possibilidade de trazer os mais liberais ou conservadores democráticos para o jogo político-institucional de maneira mais efetiva, em vez de ficarem misturados aos movimentos autoritários, que eram minoria. Há ali uma chance perdida de isolar a parte autoritária da rua."See omnystudio.com/listener for privacy information.
5/27/202348 minutes, 30 seconds
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Fernando Limongi: Estamos pagando a conta do impeachment de Dilma

Para afastar um presidente, apenas a vontade da oposição não basta. Afinal, é preciso dois terços dos votos dos parlamentares tanto na Câmara quanto no Senado. A perda de apoio dos congressistas foi central para a queda da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016. Por isso, para entender o processo de impeachment dela, é necessário compreender como a base parlamentar que a petista herdou de Lula implodiu. E como, na hora decisiva, aliados se voltaram contra ela.  O derretimento dessa coalizão é o eixo central do livro “Operação Impeachment - Dilma Rousseff e o Brasil da Lava Jato” (ed. Todavia), escrito pelo cientista político Fernando Limongi, que é professor da USP e da FGV. Ele é o convidado do Ilustríssima Conversa deste sábado (13).  Na obra, Limongi lembra como a aliança de partidos liderada pelo PT governou o Brasil desde a primeira eleição de Lula —e sustenta que a união não tinha nada de frágil. Para explicar o desmonte dessa base, o cientista político volta ao começo do primeiro mandato de Dilma, quando a presidente fez trocas em ministérios e mudanças na diretoria da Petrobras, abraçando o discurso anticorrupção. Na entrevista ao podcast, Limongi analisa as consequências dessa escolha de Dilma e como a atuação da Lava Jato contribuiu para a queda dela. O cientista político defende que Dilma e o PT foram as cargas lançadas ao mar para salvar a embarcação –ou seja, o impeachment seria uma tentativa da classe política de se proteger das investigações do Ministério Público. Mas ele aponta que, enquanto o PT conseguiu sobreviver como alternativa eleitoral, os partidos que encamparam o impeachment foram os principais prejudicados pelos impactos do processo no sistema político.  "A direita ou centro-direita foi a principal vítima. Tem um lado paradoxal, eles acabaram se matando ali. O Aécio Neves (PSDB-MG) é um símbolo disso", afirma Limongi, acrescentando ver danos desse processo para o bom funcionamento do sistema político hoje. "O impeachment foi uma investida de tolos que acabou prejudicando a todos. Quem está pagando a conta somos nós."See omnystudio.com/listener for privacy information.
5/12/202352 minutes, 43 seconds
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[DICA] Conheça o Brasil à Vista, podcast de políticas públicas da Folha

Te convidamos a conhecer o Brasil à Vista, podcast da Folha de S.Paulo que vai desfazer os nós das políticas públicas e discutir o futuro do país. A cada semana, os apresentadores Irapuã Santana e Angela Boldrini recebem dois especialistas para debater e pensar em soluções para questões estruturantes da sociedade brasileira, como desigualdade de renda, habitação e racismo.  O primeiro episódio estreia nesta quarta-feira (10) e traz a economista Laura Müller Machado e o sociólogo Rafael Osório, do Ipea, em uma conversa sobre a nova cara do Bolsa Família e o futuro do combate à pobreza.  Você encontra o Brasil à Vista em todas as principais plataformas de podcast e no site da Folha.See omnystudio.com/listener for privacy information.
5/8/20231 minute, 41 seconds
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Luiz Marques: Capitalismo sem limites acelera crise climática

Grande parte do que se sabe hoje sobre o aquecimento global já era conhecido no final dos anos 1970, afirma Luiz Marques, professor aposentado do Departamento de História da Unicamp. No entanto, o conhecimento científico sobre os mecanismos que provocam o aumento da temperatura do planeta não levou a uma mudança de rumos para mitigar a crise climática que a humanidade vive hoje. Muito pelo contrário: nas últimas décadas, lembra o historiador, houve uma aceleração do desmatamento, do uso de combustíveis fósseis e de outros processos que, movidos por um capitalismo globalizado que não é capaz de respeitar os limites do planeta, vem emitindo quantidades colossais de gases de efeito estufa na atmosfera. Ao mesmo tempo, os resultados de convenções internacionais para limitar o aquecimento global são extremamente frustrantes, o que faz com que as ações tomadas nos anos 2020 sejam determinantes para o futuro da vida na Terra e as chances de sobrevivência da humanidade. Esse é a tese do recém-lançado "O Decênio Decisivo: Propostas para uma Política de Sobrevivência". Em sua avaliação, esse desafio existencial deve ser enfrentado abandonando o que se entende hoje por realismo: não mais usar o passado como régua do futuro, não mais apostar em mudanças brandas e graduais. Sobreviver em uma era de colapso socioambiental não exige cautela, diz Marques, mas uma redefinição profunda dos fundamentos da economia e da política que regem nossa vida social. Neste episódio, o autor defende a superação do princípio da soberania nacional absoluta e a subordinação da economia capitalista à dimensão ecológica do planeta. Marques também faz uma avaliação da política ambiental brasileira e das contradições que o governo Lula (PT) terá que enfrentar em relação à Amazônia. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/29/202340 minutes, 14 seconds
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Bela Gil: Trabalho doméstico sem salário não é amor, é escravidão

No clássico "Geografia da Fome", de 1946, Josué de Castro virou pelo avesso o debate sobre o flagelo que assolava milhões de brasileiros. A fome, ele dizia, não pode ser reduzida à falta de alimentos, causada por secas ou outros fenômenos naturais: ela precisa ser vista como uma questão política. Quase 80 anos depois, o Brasil enfrenta mais uma vez taxas alarmantes de insegurança alimentar, mas hoje, lembra Bela Gil, a fome não é o único nó quando se pensa em comida. O consumo de ultraprocessados vem impulsionando um novo tipo de desnutrição, em um cenário que, para a chef de cozinha, lembra um genocídio silencioso, que afeta pessoas pobres e racializadas com mais força. No recém-lançado "Quem Vai Fazer essa Comida", Bela Gil lança um olhar amplo sobre os hábitos alimentares difundidos pelo agronegócio e pela indústria alimentícia. O livro se distancia da responsabilização individual e reflete sobre as questões econômicas e sociais que fazem com que a alimentação saudável seja um privilégio para poucos. Neste episódio, a autora defende que é preciso revolucionar a produção e o consumo de alimentos e finalmente remunerar o trabalho doméstico, feito principalmente por mulheres, tão essencial para a existência de outras ocupações fora de casa. Leia a transcrição do episódio em folha.com/32w05ef4 Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Laila Mouallem See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/15/202342 minutes, 15 seconds
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Aviso: Novo episódio vai ao ar em 15 de abril

Em razão do feriado de Páscoa, o novo episódio do Ilustríssima Conversa vai ao ar em 15 de abril.See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/8/202324 seconds
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Javier Montes: Luz del Fuego, queer e protofeminista, é bússola para superar intolerância

Durante cinco anos, no final dos anos 1940 e começo dos anos 1950, Luz del Fuego causou alvoroço na entrada do Baile de Gala do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A regra do Carnaval é subverter as regras, mas tudo tem limite. Durante cinco anos, a dançarina desceu do seu conversível, subiu a escadaria do teatro —algumas vezes carregando uma das suas jiboias, algumas vezes besuntada em óleo, mas sempre completamente nua— e foi barrada pelos porteiros. Em 1952, para a surpresa de todos, Del Fuego chegou fantasiada de noiva e pôde entrar no baile. O traje de mulher que se rendeu aos bons costumes não era mais que uma fantasia. Dentro do teatro, ela sacou duas pistolas e começou a atirar para o teto, causando um verdadeiro pandemônio entre os convidados. O escritor espanhol Javier Montes, autor de um livro recém-lançado sobre Luz del Fuego, escolheu essa cena para apresentar aos leitores a dançarina, naturista, guerrilheira urbana ou performer. São muitas as possibilidades para se referir a ela —em comum, todas parecem estar à frente do tempo em que Luz del Fuego viveu. A falta de palavras para defini-la, diz Montes, correspondeu a uma dificuldade em enxergá-la, o que explica o seu apagamento em vida e depois de seu assassinato, em 1967. Neste episódio, Montes fala sobre o pioneirismo de Luz del Fuego em várias frentes: ela fundou o primeiro clube naturista da América Latina, em uma ilhota na baía de Guanabara, e tentou criar um partido com o lema "menos roupa e mais pão!". Foi também uma protofeminista e uma protoqueer, afirma o autor, e incorporou com naturalidade, em sua vida, questões de gênero e sexualidade dissidentes que ainda hoje despertam ódio e preconceito. Veja fotos de Luz del Fuego e da ilha do Sol em folha.com/z4qenm1t Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
3/25/202342 minutes, 9 seconds
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Paulo Arantes: Mesmo sem projeto, Lula terá sucesso se frear extrema direita

Paulo Arantes, professor sênior de filosofia da USP, se notabilizou por suas análises críticas das contradições do capitalismo brasileiro e da arquitetura política concebida pelo lulismo. Agora, no terceiro mês do terceiro mandato de Lula, ele diz que nunca foi tão a favor de um governo. Em sua avaliação, o presidente tem pouca margem para fazer algo diferente das políticas dos governos anteriores do PT, sintetizadas por ele na ideia de redução de danos. Neste episódio, ele diz não ter certeza que Lula vai conseguir chegar ao fim do ano no Planalto ou cumprir todo o mandato e que seu governo já terá tido sucesso se for capaz de adiar um eventual retorno da extrema direita ao poder. Arantes acaba de lançar em livro um ensaio publicado no início dos anos 2000, "A Fratura Brasileira do Mundo", que trata do debate sobre a brasilianização dos países desenvolvidos. Leia a transcrição do episódio em folha.com/51tds08o Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
3/11/202356 minutes, 13 seconds
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Especial de 5 anos: Eliane Brum e Maria Rita Kehl

O Ilustríssima Conversa, o primeiro podcast da Folha, acaba de completar cinco anos. Desde a estreia, em fevereiro de 2018, 123 episódios foram publicados. Se você nos acompanha, sabe que o universo do podcast é amplo: já passaram pelo programa autoras e autores para falar sobre as contradições do sistema político brasileiro, o desmatamento da Amazônia e a crise climática, estudos de gênero e sexualidade, a política de drogas e o racismo, entre muitos outros temas. Para comemorar os primeiros cinco anos no ar, este episódio especial recebe duas escritoras que já participaram do podcast: a psicanalista Maria Rita Kehl, entrevistada em janeiro de 2019, e a jornalista Eliane Brum, convidada em novembro de 2021. Brum e Kehl falam sobre as transformações do Brasil nos últimos anos e discutem os primeiros movimentos do governo Lula (PT). As convidadas também defendem a responsabilização de Jair Bolsonaro (PL) pela tragédia humanitária do povo yanomami e refletem sobre os caminhos possíveis para transformar a alienação e o negacionismo em ação política concreta. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
2/25/202342 minutes, 37 seconds
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João Moreira Salles: Boi toma lugar da floresta na cultura da Amazônia

"Quando eu cheguei, aqui não tinha nada." João Moreira Salles conta que os colonos que encontrou no Pará repetiam essa frase com frequência, o que mostra, para ele, como a ocupação da Amazônia por forasteiros aconteceu contra a floresta. Esse nada precisava ser preenchido por uma ordem já conhecida, adestrada e cartesiana, como os pastos e a monocultura de soja. Neste episódio, o autor de "Arrabalde" afirma que o Brasil perdeu a soberania da Amazônia durante o governo Bolsonaro (PL), com o avanço do crime organizado, e que, sem uma ação incisiva do Estado, os produtores que cumprem a lei sempre perderão para as atividades ilegais. Moreira Salles também aponta que o país nunca incorporou a Amazônia ao seu imaginário nacional. Para ele, o agronegócio não é só uma atividade econômica, mas um modo de estar no mundo de boa parte da população da região. Vazia de floresta, a cultura hegemônica da Amazônia tem como pilares, hoje, o boi, as picapes 4x4 e a música sertaneja, o que cria, em sua avaliação, um entrave imenso à preservação do bioma. Leia a transcrição do episódio em folha.com/e7guochk Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
2/11/202351 minutes, 59 seconds
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Ailton Krenak: Tragédia yanomami mostra que clube da humanidade não é para todos

Ailton Krenak não acredita na concepção de que todas as pessoas são iguais e todos fazemos parte de uma humanidade abstrata. Para o intelectual, as múltiplas formas de violência que os povos originários enfrentam desde o início da colonização são uma prova de que o clube dos humanos com os mesmos direitos definitivamente não é para todos. Os yanomamis —que vivem hoje uma crise profunda depois de quatro anos de avanço do garimpo ilegal e de recusa do governo Bolsonaro em manter políticas de saúde e garantir a integridade da terra indígena— são vistos como parte de uma sub-humanidade, ele diz. O escritor, um dos mais importantes líderes indígenas da história do país e autor do best-seller "Ideias para Adiar o Fim do Mundo" e de "A Vida Não É Útil", lançou no fim de 2022 "Futuro Ancestral". O novo livro propõe que o futuro, visto como uma ilusão criada pelos brancos e ocidentais, depende hoje de uma reconexão com as memórias da Terra e com o legado dos nossos antepassados. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
1/28/202347 minutes, 44 seconds
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[Conteúdo patrocinado] Como vamos comprar no futuro?

Episódio aborda como novas tecnologias e modernos meios de pagamento vão mudar a experiência de compra do consumidor, tanto online como em lojas físicasSee omnystudio.com/listener for privacy information.
1/21/202340 minutes, 37 seconds
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União pela democracia mostra que saída é pela política, dizem autores

Só a política, dizem Gabriela Lotta e Pedro Abramovay, pode construir soluções para as questões estruturais e para as crises do presente do país. Autores de "A Democracia Equilibrista: Políticos e Burocratas no Brasil", Lotta e Abramovay se contrapõem à ideia de que as políticas públicas devem ser desenhadas por técnicos do Estado o mais longe possível dos políticos eleitos. Eles argumentam que servidores públicos não são politicamente neutros e não têm legitimidade para tentar governar o país —e, se seguirem por esse caminho, podem impor suas visões de mundo sem promover um debate qualificado com a sociedade, fragilizando a democracia. Os pesquisadores criticam o corporativismo de carreiras de elite do funcionalismo e apontam os danos produzidos por governantes que agem ignorando os fatos e os subsídios dos burocratas. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
1/14/202342 minutes, 34 seconds
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Felipe Loureiro: EUA e Rússia voltam a se ver como ameaça existencial

No último episódio do ano, o podcast recebe Felipe Loureiro, professor do Instituto de Relações Internacionais da USP e organizador de “Linha Vermelha” (Editora da Unicamp). A coletânea, com 16 capítulos, aborda diferentes aspectos da Guerra da Ucrânia, desde os antecedentes históricos da invasão russa até os principais desdobramentos do conflito no sistema internacional. Loureiro fala sobre as reações que a guerra despertou na extrema direita e em parte da esquerda ao redor do mundo, avalia as posições que o Brasil adotou e argumenta que, do ponto de vista das relações entre os Estados Unidos e a Rússia, a invasão da Ucrânia é um ponto de virada. As duas potências, afirma, hoje se veem como ameaças à sua existência, trazendo de volta uma rivalidade que multiplica a tensão na arena internacional e pode significar um recuo da globalização como se conhece hoje. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
12/17/202246 minutes, 37 seconds
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Denise Ferreira da Silva: Não há modernidade sem violência racial

Por que as mortes de pessoas pretas, autorizadas ou cometidas pelo Estado, não causam uma crise ética? Denise Ferreira da Silva conta que essa é a pergunta fundamental que tentou elaborar em sua pesquisa de doutorado, que deu origem a "Homo Modernus: para uma Ideia Global de Raça", editado recentemente no Brasil. Professora da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, a autora escava no livro o pensamento filosófico pós-iluminista que talhou uma concepção de sujeito moderno —branco, europeu, considerado portador de uma razão universal— e, ao lado da ciência do século 19, produziu uma representação dos "outros raciais" —asiáticos, negros e indígenas—, vistos como dotados de mentes inferiores e presas à natureza. Neste episódio, ela diz que a violência racial nunca foi um desvio da modernidade, mas sua pedra angular, e, por isso, o capitalismo, as instituições do Estado e o pensamento social têm uma raiz colonial. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
12/3/202245 minutes, 24 seconds
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[Conteúdo patrocinado] Cibersegurança: Chegamos a 2054?

Episódio discute de que forma inteligência artificial, biometria comportamental, análise de dados e machine learning podem atuar na prevenção de ameaças e proteger empresas e consumidoresSee omnystudio.com/listener for privacy information.
11/26/202251 minutes, 8 seconds
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Letícia Cesarino: Extrema direita não pode jogar sozinha nas redes

A antropóloga Letícia Cesarino defende que, para analisar o mundo digital, é preciso se afastar tanto de uma visão neutra quanto de uma visão determinista da tecnologia. Em "O Mundo do Avesso", ela analisa os vieses políticos que a infraestrutura técnica das plataformas carrega, favorecendo a extrema direita e o conspiracionismo. A autora sustenta, a partir da literatura da cibernética, que a ação conjunta de humanos e máquinas faz desmoronar o paradigma liberal em que todas as pessoas são consideradas membros com direitos iguais de uma comunidade. No lugar do princípio da universalidade, ganha força um modelo bifurcado, em que os extremos têm proeminência no debate público e o reconhecimento do outro só é possível no interior de um grupo coeso—enquanto as pessoas de fora, vistas como inimigas, causam indignação e repulsa. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
11/19/202254 minutes, 15 seconds
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Roberto Moura: Como candomblé e samba forjaram a cultura popular carioca

"Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro", publicado no início dos anos 1980, se tornou um dos livros pioneiros a olhar para as raízes africanas da cultura popular carioca. A obra, relançada pela Todavia, reconstitui as condições de vida de africanos escravizados e negros libertos na antiga capital, de meados do século 19 às primeiras décadas do século 20, especialmente da comunidade baiana da cidade. Tratava-se de uma vida subalterna, que ia da brutalização à extrema vitalidade, escreve o cineasta Roberto Moura, e ganhava coesão com a capoeira, o candomblé e o samba, expressões culturais que se tornaram bases da ideia de brasilidade. Neste episódio, o autor discute a paisagem cultural da Pequena África e apresenta a trajetória de Ciata (1854-1924), filha de Oxum, rainha do Carnaval e do samba e dona de uma casa que abrigava as festas mais importantes da comunidade e se transformou no celeiro de uma geração pródiga de músicos, como Pixinguinha, Donga e João da Baiana. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
11/5/202248 minutes, 43 seconds
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O futuro da desigualdade no Brasil, com Pedro Ferreira de Souza

O futuro da desigualdade no Brasil é o tema do quarto episódio da série especial do Ilustríssima Conversa que discute o que vem pela frente em questões importantes da conjuntura atual. O convidado deste episódio, Pedro Ferreira de Souza, é doutor em sociologia pela UnB (Universidade de Brasília) e autor de "Uma História da Desigualdade: a Concentração de Renda entre os Ricos no Brasil (1926-2013)", vencedor de dois prêmios Jabuti em 2019. Na conversa, o pesquisador diz que houve aumento da desigualdade de renda durante as ditaduras que o país viveu, mas que os períodos democráticos não tiveram eficácia semelhante na direção contrária, falhando em enfrentar a concentração de renda no topo da pirâmide. O convidado também apontou medidas que podem contribuir para o Brasil ser menos desigual e discutiu os entraves políticos que dificultam o combate dos privilégios do 1% ou do 5% mais rico do país. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli Para se aprofundar Plano de Biden de aumentar impostos dos mais ricos teria poucas chances no Brasil, de Marta Arretche, Rodrigo Mahlmeister e Eduardo Lazzari Por que investir em educação não é suficiente para reduzir desigualdade, de Marcelo Medeiros See omnystudio.com/listener for privacy information.
10/29/202244 minutes, 57 seconds
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Celso R. de Barros: Se Lula vencer, PT terá que encabeçar acordo que rejeitou

Se Lula derrotar Bolsonaro, o PT terá que cumprir um papel completamente novo em sua história, sustenta o sociólogo Celso Rocha de Barros. Em seus primeiros anos, o partido fez uma aposta arriscada: se recusou a participar da "democratização pelo alto", a concertação política liderada pelo PMDB logo depois do fim da ditadura, e preferiu investir na "democratização por baixo", reunindo dissidentes do regime militar, movimentos sociais, setores do catolicismo progressista e sindicatos. Hoje, diante do esfacelamento da democracia brasileira, o PT terá que agir de uma maneira semelhante ao PMDB dos anos 1980, afirma. Barros, doutor pela Universidade de Oxford, servidor federal e colunista da Folha, examina, o percurso do partido em "PT, uma História". Para o sociólogo, o enraizamento na sociedade civil permitiu ao partido resistir a todos os reveses que o sistema político brasileiro enfrentou nos últimos anos e, mesmo com a Operação Lava Jato, o impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de Lula, se manter eleitoralmente competitivo. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
10/22/202246 minutes, 14 seconds
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Christian Lynch: Para Bolsonaro, perder para Lula é deixar de ser escolhido de Deus

O populismo radical não é um médico que quer curar a doença que a democracia enfrenta, é um parasita que explora a fraqueza da doente pra se multiplicar, escreve Christian Lynch, coautor de "O Populismo Reacionário". O livro disseca o populismo radical de direita, de Trump e Bolsonaro, e aponta que eles promovem uma cruzada contra todos que sejam vistos como inimigos do "povo verdadeiro" por não se submeter ao messias  Professor de pensamento político brasileiro na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Lynch discute neste episódio o imaginário e os métodos de ação do presidente e analisa a conjuntura eleitoral do país.  O pesquisador afirma que Lula permanece o favorito da disputa e que, embora pareça certo que Bolsonaro vá contestar os resultados das eleições, ele e seus apoiadores têm menos força para instaurar o caos que se costuma imaginar. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
10/8/202246 minutes, 10 seconds
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O futuro da Amazônia, com Ane Alencar

O futuro da Amazônia é o tema do terceiro episódio da série especial do Ilustríssima Conversa que discute o que vem pela frente em questões importantes da conjuntura atual. A convidada deste episódio, Ane Alencar, é geografa pela UFPA (Universidade Federal do Pará), doutora em recursos florestais e conservação pela Universidade da Flórida e diretora de Ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). Na conversa, a pesquisadora ressalta que o desmatamento, hoje impulsionado pelo crime organizado, vem se aproximando cada vez mais do coração da Amazônia e diz que a possibilidade de Jair Bolsonaro (PL) perder as eleições e um novo governo voltar a coibir a destruição da floresta pode estar levando os criminosos a partirem para o tudo ou nada. Para Alencar, é preciso que um eventual novo presidente promova um choque de governança logo de imediato, retirando invasores de terras públicas e dando um sinal de que a grilagem não será mais tolerada. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli Para se aprofundar Eduardo Sombini indica "Tempo Quente", podcast da Rádio Novelo comandado pela jornalista Giovana Girardi sobre o que o Brasil tem feito em tempos de emergência climática "A Terra É Redonda (Mesmo)", podcast da revista piauí apresentado por Bernardo Esteves e, nesta segunda temporada, por Natalie Unterstell, que trata de temas relacionados à política ambiental e à crise climática que o Brasil vai ter que enfrentar O futuro da política ambiental do Brasil, com Suely Araújo, segundo episódio da série especial do Ilustríssima Conversa sobre o futuro que discute as 'boiadas' de Bolsonaro e as principais medidas para uma nova agenda climática para o país. See omnystudio.com/listener for privacy information.
10/1/202242 minutes, 14 seconds
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Juliana Dal Piva: Pessoas merecem saber como Bolsonaro montou esquema em família

Os indícios da prática de "rachadinha" nos gabinetes dos filhos de Jair Bolsonaro são só a ponta de um esquema de corrupção muito maior, indica a colunista do UOL Juliana Dal Piva no livro "O Negócio do Jair". A jornalista vem investigando desde 2018 as denúncias que envolvem a nomeação de funcionários-fantasma, a devolução de parte de salários e o uso de recursos públicos para a compra de imóveis em dinheiro vivo. Neste episódio, ela explica o que se sabe sobre esse caso e defende que a população brasileira tem o direito de conhecer como Bolsonaro construiu sua vida política e a dos seus filhos com práticas muito distantes da moralidade propalada em seus discursos. Dal Piva também falou sobre os entraves ao avanço das investigações e sobre a influência do cenário eleitoral em medidas como a apresentação de uma nova denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro. Para a jornalista, ações desse tipo devem ganhar impulso se Bolsonaro perder as eleições presidenciais. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
9/24/202250 minutes, 22 seconds
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Estado criminoso sustenta democracia de fachada no Brasil, diz autora

Neste bicentenário da Independência, Viviane Gouvêa, pesquisadora do Arquivo Nacional, olha para a história do país a partir da violência do Estado brasileiro contra os grupos marginalizados. Em "Extermínio: Duzentos anos de um Estado Genocida", Gouvêa argumenta que indígenas, negros escravizados e libertos, operários, sem-terra e moradores de favelas e periferias foram vistos como inimigos internos pelas elites e pelas forças de segurança. Tratados como ameaças à manutenção de uma ordem social desigual, não como cidadãos com direitos, esses grupos foram sistematicamente reprimidos com brutalidade, mesmo ao arrepio das leis, diz a autora neste episódio. A política de extermínio de parcelas específicas da população brasileira, afirma, escancara os limites da nossa democracia —uma democracia de fachada que vale até o momento em que os despossuídos passam a reivindicar o seu espaço. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
9/10/202236 minutes, 58 seconds
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O futuro da política ambiental do Brasil, com Suely Araújo

O futuro da política ambiental do Brasil é o tema do segundo episódio da série especial do Ilustríssima Conversa que discute o que vem pela frente em questões importantes da conjuntura atual. A convidada deste episódio, Suely Araújo, é doutora em ciência política pela UnB, onde atua como pesquisadora colaboradora, e especialista sênior em políticas públicas no Observatório do Clima. Ela foi consultora legislativa da Câmara dos Deputados e presidente do Ibama de 2016 a 2018. Na conversa, Araújo afirma que o Brasil tem condições de reverter o desmonte da política ambiental e enfrentar o desmatamento ilegal e outros crimes na Amazônia desde que Jair Bolsonaro não seja reeleito. Para a pesquisadora, um eventual novo governo não deve só reconstruir a política ambiental olhando para trás —será preciso avançar e firmar um compromisso com uma agenda climática mais ampla, que permita ao país avançar rumo a uma economia de carbono negativo e se adaptar aos efeitos da crise climática. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
9/3/202239 minutes, 52 seconds
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Esther Solano: Discussão sobre família não pode ficar na mão de Bolsonaro

Esther Solano, professora da Unifesp, vem há anos pesquisando o universo do bolsonarismo popular moderado para entender o que move as pessoas de menor renda que votaram no presidente sem se identificar com suas posições mais radicais. A socióloga é uma das autoras de "Feminismo em Disputa", livro que reúne os resultados de um novo estudo sobre as concepções políticas de eleitoras de Bolsonaro. Neste episódio, Solano defende que os setores progressistas devem ouvir essas preocupações e construir pontes com essas eleitoras, disputando os significados do conceito de família. A pesquisadora discutiu o avanço de Bolsonaro entre os evangélicos e por que a primeira-dama desempenha um papel simbólico de redentora do machismo do presidente. Ela também tratou de uma narrativa messiânica que vê se disseminar, colocando Bolsonaro como o escolhido de Deus e associando Lula ao demônio. Para ela, essa retórica é uma das armas que podem ser usadas em uma eventual contestação das eleições de outubro. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
8/27/202248 minutes, 36 seconds
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Por que Exu inspira lutas políticas hoje, segundo antropólogo

Exu, cultuado nas encruzilhadas, lugar de encontros e desencontros, é ele mesmo uma expressão das trocas entre as culturas africanas, americanas e europeias que moldaram o Brasil. Mais que isso, diz o antropólogo Vagner Gonçalves da Silva, professor da USP, é uma das melhores metáforas para pensar traços da formação brasileira. Associado à boemia, à malandragem e à sexualidade —o falo proeminente é uma das suas marcas—, Exu passou a ser uma das referências na construção de uma ideia de brasilidade e sua presença na produção artística do país se multiplicou. Autor de "Exu: um Deus Afro-atlântico no Brasil", o antropólogo discute a demonização de Exu pelos colonizadores europeus e argumenta que os terreiros foram o epicentro da formação da civilização brasileira. Para ele, as religiões afro-brasileiras colocaram em contato diferentes grupos sociais e as mitologias de Exu, guardião da ordem mas também promotor da desordem, podem inspirar as lutas políticas e sociais de hoje. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
8/13/202254 minutes, 12 seconds
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O futuro da globalização, com Oliver Stuenkel

O futuro da globalização é o tema do primeiro episódio da série especial do Ilustríssima Conversa que vai discutir o que vem pela frente em questões importantes da conjuntura atual. Nos próximos quatro meses, o podcast receberá intelectuais e pesquisadores para discutir, em um episódio extra por mês, o que eles veem como tendências em suas áreas de atuação nas próximas décadas. As conversas com autores de livros de não ficção continuam a ser publicadas normalmente. Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da FGV São Paulo, diz neste episódio que estamos testemunhando o começo do fim da globalização. Para o pesquisador, a transição de um mundo em que os EUA exerciam hegemonia absoluta para uma ordem global multipolar, com novos países emergindo no cenário internacional, vai ser marcada por tensões crescentes entre as potências. Na conversa, Stuenkel afirma que o cenário mais provável no futuro é uma desconexão entre os blocos liderados pelos EUA e pela China e que o Brasil pode ampliar sua margem de manobra com a ascensão de Pequim. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
8/6/202241 minutes, 25 seconds
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Marcos Nobre: Bolsonaro usa eleição como escada para projeto golpista

Marcos Nobre, professor de filosofia da Unicamp, vem há anos afirmando que, desde que chegou à Presidência, o objetivo de Jair Bolsonaro (PL) é dar um golpe. Nos últimos anos, ele diz, enquanto o presidente avançava em seu projeto de destruição da democracia, as forças políticas continuaram fazendo cálculos meramente eleitorais. No seu último livro, "Limites da Democracia", Nobre escreve que "o campo democrático continua jogando amarelinha eleitoral enquanto Bolsonaro monta o octógono de MMA do golpe". Para barrar as ameaças golpistas de Bolsonaro, o pesquisador afirma que é urgente a formação de um movimento Brasil contra o Golpe, com partidos e representantes de todos os quadrantes políticos. Os manifestos em defesa da democracia anunciados nesta semana, diz Nobre, são um sinal de que uma frente com esse espírito pode tomar forma. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
7/30/202251 minutes, 33 seconds
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Glamorização da maconha não é boa para ninguém, diz historiador

A sociedade brasileira tem pouco interesse em discutir a descriminalização da maconha, diz o historiador Jean Marcel Carvalho França, professor da Unesp de Franca e autor de "História da Maconha no Brasil". O livro aponta o enraizamento do consumo da cânabis no cotidiano dos brasileiros, principalmente negros e pobres, desde o século 18. O pesquisador discutiu como os movimentos proibicionistas difundiram discursos alarmistas e construíram uma imagem negativa dos usuários da maconha. França também defendeu que o debate sobre os usos da maconha deve ser mais pragmático, balanceando os potenciais terapêuticos e os possíveis custos sociais do seu consumo, e criticou a ampliação do acesso à cânabis por meio de decisões judiciais, não de um debate público mais amplo. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli Para se aprofundar Jean Marcel Carvalho França indica "Nordeste", de Gilberto Freyre, sobre os usos cotidianos da maconha "Os Intelectuais e a Sociedade", de Thomas Sowell See omnystudio.com/listener for privacy information.
7/16/202244 minutes, 35 seconds
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Vincent Bevins: EUA construíram poder global com massacres da esquerda

Nos primeiros anos da Guerra Fria, Jacarta dava nome à política de relativa tolerância dos EUA com a neutralidade dos países do chamado Terceiro Mundo. Em pouco tempo, isso mudou: a Casa Branca passou a considerar que governos neutros eram inimigos, e a CIA começou a patrocinar golpes e rebeliões. A capital da Indonésia, então, virou sinônimo do extermínio de pessoas vistas como comunistas –em 1965, depois de um golpe, de 500 mil a mais de 1 milhão de civis foram assassinados no país. Nos anos seguintes, a eliminação de opositores de esquerda se tornou uma tática de terror empregada em mais de 20 países. Em “O Método Jacarta”, o jornalista americano Vincent Bevins reconstrói a história global dessa cruzada anticomunista. Neste episódio, ele explica como um evento dessa proporção ainda é tão pouco conhecido e diz que os massacres durante a Guerra Fria indicam que a formação da ordem capitalista de hoje, liderada pelos EUA, teve muito mais violência que as pessoas estão acostumadas a pressupor. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
7/2/202244 minutes, 22 seconds
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Rodrigo Nunes: Quem acha que Bolsonaro foi soluço está em negação

A expressão "do transe à vertigem", que dá título ao novo livro de Rodrigo Nunes, professor de filosofia da PUC-Rio, tem dois sentidos. O primeiro faz referência às representações da derrota da esquerda em dois momentos históricos: o golpe de 1964 em "Terra em Transe", de Glauber Rocha, e o impeachment em 2016 no documentário "Democracia em Vertigem", de Petra Costa. No segundo sentido, "transe" sintetiza o estado de negacionismo e sofrimento psíquico criado pela extrema direita, e "vertigem" aponta que as crises do presente são sintomas de problemas muito mais profundos. O autor afirma que o realismo do que é possível fazer ignora o realismo do que é preciso fazer, mas, apesar das constantes frustrações do pragmatismo do passado, forjado em tempos de consenso neoliberal, governos continuam dobrando a aposta nas mesmas fórmulas. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Laila Mouallem Para se aprofundar Rodrigo Nunes indica "Cruel Optimism", livro de Lauren Berlant publicado em 2011 "Nas Ruínas do Neoliberalismo" (2019) e "Undoing the Demos" (2017), de Wendy Brown "Coming Up Short", livro de Jennifer Silva publicado em 2013 "Cuck", longa-metragem de 2019 dirigido por Rob Lambert Eduardo Sombini indica "Q: No Olho da Tempestade", série documental de Cullen Hoback sobre o QAnon "Linguagem da Destruição", de Heloisa Starling, Miguel Lago e Newton Bignotto. Starling e Lago participaram do Ilustríssima Conversa em abril See omnystudio.com/listener for privacy information.
6/18/202247 minutes, 26 seconds
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André Lara Resende: Economistas estão alienados e presos a dogmas no Brasil

André Lara Resende sustenta que a teoria econômica dominante se tornou um garrote ideológico, com ferramentas equivocadas e sem capacidade de formular políticas para promover a retomada do crescimento e a distribuição de renda. Em "Camisa de Força Ideológica", o autor percorre a história da teoria monetária e discute por que o fato de a moeda ser hoje um registro digital, não mais um metal com valor em si, transforma as possibilidades de financiamento do Estado. Lara Resende criticou a fórmula de aumentar a taxa de juros para conter a alta da inflação, como vem acontecendo no Brasil nos últimos meses, discutiu o que pensa sobre a privatização de empresas estatais e explicou a ideia de o Estado assumir a função de empregador de última instância dos trabalhadores, da mesma forma que desempenha o papel de credor de última instância em crises financeiras. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli Para se aprofundar André Lara Resende indica "O Estado Empreendedor", da economista italiana Mariana Mazzucato "A Tirania do Mérito", do professor de filosofia de Harvard Michael Sandel Eduardo Sombini indica "Trabalho Interno", vencedor do Oscar de melhor documentário de 2010 See omnystudio.com/listener for privacy information.
6/4/202251 minutes, 57 seconds
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James Green: Esquerda consegue hoje ver masculinidade tóxica de Bolsonaro

O historiador James Green diz que escrever "Além do Carnaval" foi uma decisão política. O livro apresenta um amplo relato da história da homossexualidade no Brasil e, em sua concepção, tem sido uma ferramenta para ampliar as lutas por direitos das pessoas LGBTQIA+ e impulsionar trabalhos acadêmicos sobre o tema. Publicado em 1999, "Além do Carnaval" se tornou uma das obras mais influentes sobre a homossexualidade no país e, neste mês, ganha uma terceira edição, revista e ampliada, com um novo capítulo. Green falou sobre alguns dos traços mais importantes da história da homossexualidade no último século e explicou por que considera que as lutas identitárias devem estar à frente de qualquer projeto preocupado com a justiça social. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli Para se aprofundar James Green indica "Contra a Moral e os Bons Costumes", de Renan Quinalha A futura adaptação cinematográfica de "Revolucionário e Gay: a Extraordinária Vida de Herbert Daniel" Eduardo Sombini indica Ilustríssima Conversa com Renan Quinalha "Direitos em Disputa: ​LGBTI+, Poder e Diferença no Brasil Contemporâneo", coletânea organizada por Regina Facchini e Isadora França, convidadas do Ilustríssima Conversa See omnystudio.com/listener for privacy information.
5/21/202251 minutes, 24 seconds
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Sidarta Ribeiro: Futuro depende de expansão da consciência planetária

Sidarta Ribeiro volta ao podcast e explica por que considera que sonhar, no sentido de imaginar futuros possíveis, se tornou indispensável para a sobrevivência da humanidade. No livro "Sonho Manifesto", o neurocientista discute sintomas do nosso mal-estar contemporâneo e aposta no potencial de mudança de rumos a partir de uma expansão da consciência planetária. Promover uma síntese de dicotomias antigas, como ciência e conhecimento tradicional, corpo e mente, humanos e não humanos, e criar novos pactos baseados na cooperação e no cuidado estão entre as suas principais recomendações. Ouça o primeiro episódio com Sidarta Ribeiro Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
5/7/202240 minutes, 9 seconds
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Heloisa Starling e Miguel Lago: Eleição 2022 será a mais decisiva da história

O Brasil não está diante de uma eleição polarizada como outras, dizem a historiadora Heloisa Starling e o cientista político Miguel Lago, mas tem à frente uma disputa inédita que vai definir o futuro da democracia no país. Em "Linguagem da Destruição", livro em coautoria com Newton Bignotto, os pesquisadores convergem na interpretação do bolsonarismo como uma nova linguagem e como uma força que corrói a democracia de dentro para fora, com o potencial de permitir a emergência de formas totalitárias. Na conversa com Eduardo Sombini, os autores discutiram as características da língua que Bolsonaro fala —talhada para virar memes e desacreditar o conhecimento— e a dificuldade das instituições responderem ao que ele diz. Lago diz que a maior força do discurso do presidente é a ideia de eliminar as construções coletivas que limitam o poder dos mais fortes. Starling, por sua vez, sustenta que Bolsonaro está ligado a uma utopia reacionária com raízes na linha dura do regime militar, anticomunista e ainda mais autoritária que os generais, e na herança do nazismo e do integralismo no Brasil.See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/23/202250 minutes, 48 seconds
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Aviso: Novo episódio vai ao ar em 23 de abril

Em razão dos feriados prolongados, o novo episódio do Ilustríssima Conversa vai ao ar em 23 de abril. Até lá, sugerimos revisitar a conversa com o professor de filosofia Newton Bignotto, de setembro de 2020, que dialoga muito com o próximo episódio. Na entrevista, Bignotto falou sobre a história das ideias sobre a democracia no Brasil e a degradação das nossas instituições nos últimos anos, dando bastante destaque às disputas ferrenhas entre diferentes grupos por suas demandas, que enfraquecem a construção de uma esfera pública democrática no país. Ouça aqui: 'Guerra de facções' ameaça a República no Brasil, avalia professorSee omnystudio.com/listener for privacy information.
4/16/20221 minute, 17 seconds
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Fábio Ulhoa Coelho: Fracasso do socialismo não significa que o liberalismo funciona

Fábio Ulhoa Coelho, professor titular de direito da PUC São Paulo, discute neste episódio a aparente contradição entre liberdade e igualdade e quais balizas podem ser usadas para conciliar os dois valores. Em "Os Livres Podem Ser Iguais?", o autor defende que o pensamento liberal foi se reduzindo a uma doutrina econômica ao longo do século 20, a ponto de a ideia de liberdade se tornar um valor absoluto e descolado das implicações das desigualdades sociais. Na conversa com Eduardo Sombini, Ulhoa Coelho explica por que considera que o pensamento liberal de hoje se apoia em uma espécie de misticismo e afirma que o colapso econômico da União Soviética não significa que o liberalismo funciona —muito pelo contrário, ele sustenta que ficou nítido, desde a crise de 2008, que a receita neoliberal está fadada ao fracasso.See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/2/202242 minutes, 9 seconds
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Debora Diniz: Por que o aborto desperta a fúria patriarcal

A antropóloga Debora Diniz, professora da UnB (Universidade de Brasília) e atualmente pesquisadora visitante da Universidade Brown, nos EUA, defende que o feminismo deve transformar as perguntas que cercam o aborto e outros temas. Em vez de questionar quando a vida humana começa, ela diz, é preciso, em uma democracia laica, se perguntar por que mulheres podem ser presas por abortar. Na conversa com Eduardo Sombini, a antropóloga afirma que o aborto desperta a fúria em uma sociedade patriarcal porque controlar a reprodução das mulheres permite controlar a reprodução social como um todo e aponta que é preciso desafiar o vocabulário político que separa pautas identitárias de lutas por justiça social. Diniz acaba de lançar, em coautoria com Ivone Gebara, o livro "Esperança Feminista". Na obra, as autoras apresentam 12 verbos que, para elas, revelam caminhos para uma política feminista.See omnystudio.com/listener for privacy information.
3/19/202237 minutes, 51 seconds
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Deivison Faustino: Obra de Fanon questiona identitarismo branco

Para discutir a obra de Frantz Fanon, Eduardo Sombini recebe Deivison Faustino, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), em Santos, e autor do livro “Frantz Fanon e as Encruzilhadas”. Fanon, psiquiatra martinicano morto em 1961, se tornou célebre por suas análises do sofrimento psíquico causado pelo racismo e foi um dos mais importantes intelectuais das lutas de independência dos países africanos nos anos 1950. Na conversa, o autor explica os fundamentos da crítica de Fanon ao racismo e à racialização. O psiquiatra defende que o branco cria o negro e, para sustentar o projeto de exploração colonial, nega a ele o reconhecimento como sujeito. Faustino também aborda a atualidade de Fanon nos debates atuais sobre branquitude e privilégio branco e discorre sobre como o autor pode ajudar a pensar a questão do identitarismo, a afirmação de grupos marginalizados que acaba resvalando para a exclusão de quem é diferente.See omnystudio.com/listener for privacy information.
3/5/202250 minutes, 10 seconds
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Fernando Morais: Lula saiu muito melhor da prisão

O jornalista e escritor Fernando Morais, que lançou em novembro de 2021 o primeiro volume da biografia do ex-presidente Lula, é o convidado do episódio desta semana. O livro narra os bastidores da prisão do petista em abril de 2018 e os seus 580 dias encarcerado na sede da Polícia Federal em Curitiba e, em seguida, volta à juventude do ex-presidente. Na conversa com Eduardo Sombini, o escritor falou sobre a recepção da obra e disse que o segundo volume, cuja publicação está prevista para 2023, vai tratar do mensalão, da Operação Lava Jato e de outros escândalos de corrupção. Ele defende que Lula saiu muito melhor da prisão, com um espírito mais combativo, e que as articulações políticas em curso, como a negociação para Geraldo Alckmin ser seu vice na próxima eleição, fazem sentido para fortalecer a candidatura e ampliar as chances de derrotar Jair Bolsonaro.See omnystudio.com/listener for privacy information.
2/19/202242 minutes, 14 seconds
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Sergio Miceli: Modernismo fora de São Paulo é invenção

Às vésperas do centenário da Semana de 1922, que tem motivado uma onda de novos títulos sobre o modernismo, o Ilustríssima Conversa recebe o professor titular da USP Sergio Miceli, que acaba de publicar "Lira Mensageira".  O livro se debruça sobre a primeira geração de modernistas mineiros, cujo expoente literário foi Carlos Drummond de Andrade. Na conversa com Eduardo Sombini, o autor fez um balanço do que pensa sobre as críticas ao "paulistocentrismo" da Semana de Arte Moderna, uma suposta exaltação desmedida da importância do festival na cultura nacional. Para Miceli, o modernismo floresceu em São Paulo em razão de condições que só existiam na cidade, como um mercado cultural mais desenvolvido e um mecenato mais robusto da elite.See omnystudio.com/listener for privacy information.
2/5/202240 minutes, 57 seconds
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Daniela Arbex: Teremos outra Brumadinho se lógica da mineração não mudar

Na próxima terça-feira (25), o desastre em Brumadinho completa três anos. Em 2019, o rompimento de uma barragem na mina do Córrego do Feijão, operada pela Vale, deixou 270 pessoas mortas —sete vítimas ainda não foram encontradas. Em seu novo livro, "Arrastados", ​a jornalista e escritora Daniela Arbex reconstitui a tragédia minuto a minuto, com base em depoimentos de quem estava lá, e narra os esforços empreendidos na operação de resgate e os impactos do desastre na vida de centenas de pessoas. Na conversa com Eduardo Sombini, Arbex conta os detalhes da apuração que deu origem ao livro e aponta por que o rompimento da barragem foi, em sua avaliação, uma tragédia anunciada. A autora diz que a Vale sabia dos riscos e não tomou as medidas necessárias em Brumadinho e sustenta que, enquanto o modelo de negócio da mineração continuar priorizando o lucro em vez da vida humana, ninguém estará seguro.See omnystudio.com/listener for privacy information.
1/22/202243 minutes, 36 seconds
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Tatiana Roque: Bem-estar via consumo individual não pode orientar a esquerda

A matemática Tatiana Roque, professora de história e filosofia da ciência da UFRJ, é a convidada do primeiro episódio de 2022. Na conversa com o repórter Eduardo Sombini, a autora discute seu livro "O Dia em que Voltamos de Marte" e explica por que as mudanças climáticas rompem o próprio sentido do tempo. Para ela, o futuro, visto como promessa de melhoria das condições de vida e desenvolvimento tecnológico, hoje é símbolo de uma catástrofe iminente, o que vira pelo avesso a experiência da história. Roque, no entanto, diz que isso não é necessariamente ruim e defende que é preciso parar de pensar sobre o que nós podemos fazer pelo planeta e começar a se perguntar o que as mudanças climáticas podem fazer por nós. Desse ponto de vista, a crise do clima pode ser uma oportunidade de refundar a sociedade.See omnystudio.com/listener for privacy information.
1/8/202243 minutes, 58 seconds
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Margareth Dalcolmo: Tratamento precoce real da Covid pode chegar em breve

No último episódio de 2021, o Ilustríssima Conversa recebe Margareth Dalcolmo, médica pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, que acaba de lançar "Um Tempo para Não Esquecer". Na conversa com Eduardo Sombini, Dalcolmo faz uma avaliação da situação atual da pandemia e explica o que se sabe e o que esperar da nova variante ômicron. Para ela, é um absurdo o país não ter adotado o passaporte da vacina, o que faz com que o Brasil possa virar destino de quem se recusa a se imunizar. A pesquisadora também fala de estudos que estão sendo realizados com antivirais e outros medicamentos contra a Covid-19 que podem dar origem a tratamentos precoces que realmente funcionem —ao contrário da cloroquina e de outros remédios comprovadamente ineficazes.See omnystudio.com/listener for privacy information.
12/11/202137 minutes, 39 seconds
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Marcelo Semer: É um alívio Moro disputar eleição e não vaga no STF

O Ilustríssima Conversa recebe Marcelo Semer, doutor em criminologia pela USP e desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo. No livro "Os Paradoxos da Justiça", o autor esmiúça algumas contradições do sistema de Justiça do país, retratado por ele como uma estrutura conservadora que não acompanhou a democratização da sociedade brasileira desde o fim da ditadura militar. Na conversa com Eduardo Sombini, Semer explica por que acredita que o protagonismo político de magistrados leva ao enfraquecimento do Judiciário e por que é uma ilusão acreditar que o STF pode resolver os impasses políticos do país, como as ameaças do presidente Jair Bolsonaro à democracia.See omnystudio.com/listener for privacy information.
11/27/202147 minutes, 27 seconds
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[Conteúdo patrocinado] Escritor Ronaldo Correia de Brito fala sobre café, memória e o respeito ao tempo

Autor de “A Arte de Torrar Café – Narrativas Além da Ficção”, escritor fala sobre sua paixão pelo processo de produção da bebida e a importância de aprender a observarSee omnystudio.com/listener for privacy information.
11/20/202125 minutes, 25 seconds
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Eliane Brum: Maioria se comporta como negacionistas do aquecimento global

Em 2017, Eliane Brum decidiu se mudar para Altamira, cidade do Pará virada pelo avesso pela construção da usina de Belo Monte. Na conversa com Eduardo Sombini, a jornalista e escritora explica por que considera que o Médio Xingu viveu um fim de mundo com a instalação da hidrelétrica —e por que o que aconteceu na região nos últimos anos é um prenúncio do que o Brasil e o mundo vão enfrentar com a intensificação da crise climática. Brum acaba de lançar “Banzeiro Òkòtó: uma Viagem à Amazônia Centro do Mundo”. No livro, ela combina apuração jornalística e relato em primeira pessoa do seu percurso e tece uma trama que escancara as forças de destruição da Amazônia e aponta as possibilidades de resistência dos povos da floresta.See omnystudio.com/listener for privacy information.
11/13/202143 minutes, 44 seconds
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Lucas Ferraz: Tabu sobre justiçamentos na esquerda mostra que ainda é difícil lidar com ditadura

O entrevistado desta edição do Ilustríssima Conversa é o jornalista Lucas Ferraz, que lança o livro "Injustiçados" (Companhia das Letras). A obra aborda um tema ainda tabu e relegado a um limbo histórico em pesquisas sobre a ditadura militar no Brasil: os justiçamentos que ocorreram dentro dos grupos de luta armada durante a ditadura, ou seja, a execução sumária de guerrilheiros considerados traidores. O foco do livros são as histórias de quatro militantes de esquerda executados por seus colegas de luta armada: Márcio Leite de Toledo, Carlos Alberto Maciel Cardoso, Francisco Jacques de Alvarenga (os três ligados à ALN, Ação Libertadora Nacional) ​e Salatiel Teixeira Rolim (do PCBR, Partido Comunista Brasileiro Revolucionário).See omnystudio.com/listener for privacy information.
10/30/202136 minutes, 15 seconds
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Rebeliões de escravos moldaram cultura da Bahia, diz jornalista

O entrevistado do Ilustríssima Conversa desta semana é o jornalista Fernando Granato, que lança o livro "Bahia de Todos os Negros - As Rebeliões Escravas do Século XIX", pela editora Intrínseca. Depois de publicar, no começo dos anos 2000,  "O Negro na Chibata", em que abordava a  Revolta da Chibata (1910), na qual marinheiros negros foram agredidos fisicamente, Granato passou a pesquisar os fatores que fizeram de Salvador a cidade com maior presença da herança da cultura africana. A resposta, a seu ver, está na resistência à escravidão que levou a inúmeras revoltas em Salvador no século 19, quase todas lideradas por africanos muçulmanos vindos da região da Costa da Mina, que corresponde aproximadamente à faixa litorânea dos atuais estados de Gana, Togo, Benin e Nigéria. Nesse percurso de rebeliões, o livro resgata momentos históricos importantes, como a Revolta dos Malês, maior levante de escravos já ocorrido no Brasil, e personagens excepcionais, como Maria Felipa de Oliveira, Luísa Mahin  e, sobretudo, o abolicionista  Luís Gama, ex-escravo que  conquistou judicialmente a própria liberdade e passou a atuar na advocacia em prol dos cativos.See omnystudio.com/listener for privacy information.
10/16/202122 minutes, 15 seconds
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Augusto de Arruda Botelho: Espetáculo e partidarização prejudicam Justiça

A transmissão de julgamentos pela TV Justiça é um erro e contribui para a espetacularização da Justiça, diz o advogado criminalista Augusto de Arruda Botelho, que está lançando “Iguais Perante a Lei”. O livro é um guia prático com o objetivo de ajudar o cidadão a defender seus direitos. Arruda Botelho apresenta de maneira simples e didática uma série de informações e conceitos sobre o funcionamento da Justiça no Brasil. Mas o livro também trata, em sua introdução, de questões mais amplas sobre o Judiciário —e de maneira bastante crítica. Como as transmissões da TV Justiça que, afirma ele, criaram uma relação midiática entre magistrados e sociedade. Convidado desta semana, Arruda Botelho também sustenta a ideia de que a politização excessiva do Judiciário chegou às raias da partidarização, como se observou nos processos do Mensalão e da Operação Lava Jato, na qual ele atuou na defesa de acusados.See omnystudio.com/listener for privacy information.
10/2/202134 minutes, 26 seconds
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Renan Quinalha: LGBTfobia de Bolsonaro atualiza moralismo da ditadura 'hétero-militar'

No livro "Contra a Moral e os Bons Costumes", Renan Quinalha se contrapõe à ideia de que a ditadura militar, marcada pela repressão política brutal, foi mais branda em relação a temas comportamentais. Convidado desta semana, o professor de direito da Unifesp diz que a retórica moralista e a defesa da família tradicional foram fundamentais para dar sustentação ideológica ao regime, que se empenhou em combater práticas consideradas desviantes, como a homossexualidade. Na conversa com Eduardo Sombini, Quinalha falou sobre as políticas sexuais da ditadura —como a perseguição policial a gays, lésbicas, travestis e prostitutas nas ruas das cidades brasileiras e a censura a obras artísticas com representações da diversidade sexual— e discutiu por que o Brasil de Jair Bolsonaro lembra tanto o regime militar no que diz respeito aos discursos sobre gênero e sexualidade.  See omnystudio.com/listener for privacy information.
9/18/202149 minutes, 32 seconds
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Simone Duarte: Por que o 11 de Setembro nunca terminou no Afeganistão

Na manhã de 11 de setembro de 2001, Simone Duarte, então chefe do escritório da Globo em Nova York, entrou ao vivo no plantão da emissora para narrar o atentado terrorista ao World Trade Center. Vinte anos depois, a jornalista lança “O Vento Mudou de Direção”, livro em que se volta para as consequências desse dia trágico na vida de sete pessoas de outros pedaços do mundo, onde o 11 de Setembro nunca terminou. Ahmer, menino-bomba treinado pelo Talibã paquistanês, Gawhar, médica afegã que se arrepende de ter fugido do país, e Baker Atyani, jornalista para quem Osama bin Laden anunciou que estava planejando um ataque, são alguns dos personagens da obra. Na conversa com Eduardo Sombini, a autora fala sobre a necessidade de humanizar os outros da história do 11 de Setembro, menos conhecidos no Ocidente, e discute a ocupação americana no Afeganistão e o que pode acontecer no país com a volta do Talibã ao poder.See omnystudio.com/listener for privacy information.
9/4/202146 minutes, 41 seconds
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Natalia Viana: Ameaças mostram falta de autocrítica das Forças Armadas

Em “Dano Colateral”, Natalia Viana conta a história dos civis mortos pelas Forças Armadas na última década em GLOs (operações de garantia da lei e da ordem). O caso com maior repercussão foi o assassinato do músico Evaldo dos Santos e do catador Luciano Macedo em 2019, pouco depois do fim da intervenção federal no Rio de Janeiro. Evaldo ia com a família para um chá de bebê e seu carro foi alvejado por mais de 60 tiros de fuzil. A jornalista mostra que esse não foi um evento isolado: pelo menos 35 pessoas foram mortas em situações semelhantes. De acordo com ela, há um padrão de não investigar e não punir os militares envolvidos nessas ações. Na conversa com Eduardo Sombini, a autora abordou as consequências do emprego das Forças Armadas na segurança pública e discutiu as origens da intensa participação dos militares na política brasileira nos últimos anos.See omnystudio.com/listener for privacy information.
8/21/202150 minutes, 35 seconds
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Camila Rocha: Nova direita vai continuar apesar de Bolsonaro

Em "Menos Marx, mais Mises", Camila Rocha, doutora em ciência política pela USP, narra como a direita envergonhada, que se dizia de centro depois da redemocratização para tentar se desvincular da imagem da ditadura, ficou para trás nos anos 2000. Nessa época, uma rede descentralizada de organizações e militantes tomou forma no Brasil: a nova direita, que não tem nenhuma vergonha de levantar suas bandeiras. A pesquisadora discutiu com Eduardo Sombini a evolução desse campo que, em sua avaliação, mescla radicalismo na defesa do livre mercado e conservadorismo moral, e falou sobre os vínculos entre a nova direita e o bolsonarismo.See omnystudio.com/listener for privacy information.
8/7/202147 minutes, 55 seconds
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Antonio S. Guimarães: Democracia racial também foi bandeira de luta de negros

De que forma pessoas com ascendência africana passaram a se identificar como negras no Brasil depois da abolição e, com o passar das décadas, como negras com origem na diáspora forçada pela escravidão? Esse é o fio condutor dos ensaios reunidos no livro “Modernidades Negras”, do professor da USP Antonio Sérgio Guimarães, convidado desta semana. Na conversa com o repórter Eduardo Sombini, o sociólogo discutiu as origens da noção de democracia racial, objeto de críticas do movimento negro desde a ditadura. Para Guimarães, o termo surgiu como uma utopia antirracista nas primeiras décadas do século 20, moldada em uma colaboração tensa entre negros, que buscavam se livrar dos estigmas da escravidão, e intelectuais brancos, que imaginavam um país com harmonia racial e um povo miscigenado.See omnystudio.com/listener for privacy information.
7/24/202148 minutes, 15 seconds
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Eugênio Bucci: Pessoas trabalham de graça para redes sociais

Ao usar aplicativos e redes sociais, as pessoas concordam em entregar dados pessoais, que permitem que os algoritmos conheçam, muitas vezes, seus hábitos e desejos melhor que eles mesmas. Para Eugênio Bucci, professor titular da USP, essa é só uma parte da história. Em "A Superindústria do Imaginário", o autor argumenta que o negócio das big techs, além da coleta de dados pessoais, é o extrativismo do olhar dos seus usuários. Na conversa com Eduardo Sombini, Bucci tratou do novo tipo de valor gerado nesse processo e apropriado monopolisticamente pelos conglomerados globais de tecnologia e discutiu os riscos que a superindústria do imaginário cria para a democracia.See omnystudio.com/listener for privacy information.
7/10/202145 minutes, 39 seconds
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Rafael Mafei: Bolsonaro comete crimes de responsabilidade em série

Como é possível que Jair Bolsonaro nunca tenha se sentido ameaçado por um impeachment, apesar das inúmeras evidências de crimes de responsabilidade cometidos por ele, antes e durante a pandemia? Essa é uma das questões abordadas no episódio por Rafael Mafei, professor da Faculdade de Direito da USP e autor de “Como Remover um Presidente”. Na conversa com Eduardo Sombini, o pesquisador argumenta que, por não ser responsabilizado, o presidente tem todos os estímulos para sabotar as eleições de 2022 e que a aposta da oposição em enfrentar Bolsonaro nas urnas —em vez de defender seu impeachment antes— é, no mínimo, perigosa.See omnystudio.com/listener for privacy information.
6/26/202155 minutes, 15 seconds
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Ocidente vilaniza presença da China na África, afirma geógrafo

Eduardo Sombini recebe Kauê Lopes dos Santos, doutor em geografia humana pela USP e autor de "Ouro por Lixo: as Inserções de Gana na Divisão Internacional do Trabalho". No livro, o autor analisa como o país participa de vários circuitos da economia internacional e, ao mesmo tempo, permanece sujeito a relações assimétricas que reforçam lógicas do passado colonial. Ele destaca o papel de Gana como exportador de commodities, sobretudo ouro, e importador de lixo eletrônico —e aborda a extração de minérios, encontrados em pequenas quantidades em produtos descartados que chegam ao país, em um bairro precário da capital, Acra, e a sua recolocação no mercado internacional. O autor discutiu os estereótipos sobre a África e os significados da presença crescente da China no continente, que ele afirma não se enquadrar nas noções de neocolonialismo e neoimperialismo.See omnystudio.com/listener for privacy information.
6/12/202146 minutes, 22 seconds
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Meio ambiente é motor de diferenciação política do agronegócio, diz antropólogo

Caio Pompeia, doutor em antropologia pela Unicamp e pós-doutorando na USP, é o convidado desta semana do Ilustríssima Conversa. O pesquisador lançou neste ano o livro “Formação Política do Agronegócio” (Elefante), que analisa a trajetória das organizações que representam os interesses de produtores rurais, agroindústrias e outros atores do setor. Na conversa com o repórter Eduardo Sombini, o autor falou sobre as disputas do agronegócio com iniciativas de reforma agrária e de demarcação de terras indígenas e quilombolas e dos conflitos com as políticas ambientais.See omnystudio.com/listener for privacy information.
5/29/202146 minutes, 6 seconds
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Rosa Freire: Cartas de Celso Furtado compõem um romance de sua geração

Eduardo Sombini recebe a jornalista e tradutora Rosa Freire D’Aguiar, organizadora de “Correspondência Intelectual: 1949-2004”, coletânea recém-lançada de cartas de Celso Furtado. Nas cartas, o economista e seus interlocutores –como Antonio Callado, Fernando Henrique Cardoso e Raul Prebisch– discutem os rumos do Brasil e do mundo nos anos da ditadura, debatem pesquisas da economia e das ciências sociais e falam da dura experiência do exílio. Por tudo isso, a seleção de cartas, para Rosa, compõe uma espécie de romance dessa geração.See omnystudio.com/listener for privacy information.
5/15/202150 minutes, 26 seconds
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Bolsonaro vive paradoxo entre radicalizar sua base e governar, dizem professores​

Retrocesso —esta é a palavra a que mais de 40 autores de uma coletânea recém-lançada recorrem para sintetizar o que aconteceu no Brasil nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro. No episódio desta semana, o repórter Eduardo Sombini recebe os cientistas políticos Fábio Kerche, professor da Unirio, e Marjorie Marona, professora da UFMG, organizadores, com Leonardo Avritzer, do livro “Governo Bolsonaro: Retrocesso Democrático e Degradação Política” (Autêntica). Eles discutiram a contradição entre o bolsonarismo como movimento político, que demanda a radicalização do discurso para engajar suas bases, e a construção da governabilidade do presidente, que requer a negociação com outros Poderes e partidos. Os convidados também falaram sobre as ameaças do presidente ao STF e a indicação do ministro Kassio Nunes Marques, a corrosão da autonomia do MPF com a nomeação de Augusto Aras, as relações com os militares e as perspectivas para a segunda metade do mandato de Bolsonaro.See omnystudio.com/listener for privacy information.
5/1/202153 minutes, 46 seconds
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Fantasia de masculinidade de Bolsonaro é a real ideologia de gênero, dizem pesquisadoras

Nesta semana, o Ilustríssima Conversa discute o processo tortuoso de reconhecimento dos direitos das pessoas LGBTI+ no Brasil. O repórter Eduardo Sombini recebe Regina Facchini e Isadora Lins França, professoras da Unicamp e organizadoras do livro “Direitos em Disputa: LGBTI+, Poder e Diferença no Brasil Contemporâneo”. A coletânea narra a construção de políticas de afirmação da cidadania desses grupos nos anos 1990 e 2000 e analisa a ofensiva conservadora da última década que, na avaliação das convidadas, vem promovendo um desmonte da agenda de gênero e de sexualidade no país. Na conversa, as pesquisadoras abordaram as transformações do vocabulário do movimento LGBTI+ nas últimas décadas e discutiram a força política da chamada ideologia de gênero, que teve um papel fundamental na campanha de Jair Bolsonaro. Elas consideram o termo um factoide, usado para criar pânico moral e viabilizar um projeto que transforma o gênero e a sexualidade em tabus.See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/17/202147 minutes, 52 seconds
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Não dá para enfrentar o racismo sem discutir colorismo, diz autora

A convidada desta semana do Ilustríssima Conversa é Alessandra Devulsky, professora do programa de mestrado em direito da Universidade do Québec em Montréal, no Canadá. No livro “Colorismo” (Jandaíra), a autora discute o funcionamento desse sistema de hierarquização racial, ligado à ideia de supremacia branca, que discrimina os negros de acordo com a tonalidade de pele e de outros traços físicos associados à origem africana. Na conversa com o repórter Eduardo Sombini, a pesquisadora defendeu que é essencial discutir as engrenagens do colorismo para entender o racismo no país —para ela, falar sobre os diferentes tipos de preconceito que negros de pele clara e de pele escura sofrem pode ajudar a construir uma unidade na luta antirracista.See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/3/202147 minutes, 45 seconds
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Idelber Avelar: Bolsonaro emergiu do ressentimento gerado no lulismo

Idelber Avelar, professor de literatura latino-americana na Universidade Tulane, em Nova Orleans (EUA), é o convidado desta semana. No livro “Eles em Nós: Retórica e Antagonismo Político no Brasil do Século XXI”, o autor discute, a partir da análise do discurso, os principais movimentos da política brasileira nas últimas duas décadas e examina o uso de categorias retóricas como hipérbole, eufemismo e tautologia. Na conversa com Eduardo Sombini, Avelar tratou da ruptura que junho de 2013 instaurou na política nacional e dos significados da Operação Lava Jato, além de expor sua leitura da ascensão de Jair Bolsonaro. O autor aponta uma retroalimentação entre lulismo e bolsonarismo, mas rejeita a ideia de que os dois campos são equivalentes —só o bolsonarismo é extremista e ameaça a democracia, afirma.See omnystudio.com/listener for privacy information.
3/20/202147 minutes, 13 seconds
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Christian Dunker: Como a depressão virou a rainha dos transtornos mentais

Nesta semana, o Ilustríssima Conversa recebe Christian Dunker, psicanalista e professor titular da USP, que acaba de lançar "Uma Biografia da Depressão". No livro, Dunker narra como a depressão, que por muitas décadas ocupou uma posição de irmã esquecida no imaginário sobre os transtornos mentais, se tornou, a partir dos anos 1970, a grande protagonista dos discursos sobre o sofrimento psíquico. Para o autor, esse processo está relacionado ao desenvolvimento de uma nova geração de antidepressivos —Dunker questiona até que ponto esses remédios tratam a depressão e até que ponto as patologias que são tratadas por esses remédios passaram a ser chamadas de depressão. Na conversa com Eduardo Sombini, o psicanalista abordou os principais marcos da história do conceito e e discutiu como o pensamento neoliberal transformou o enquadramento dos transtornos mentais.See omnystudio.com/listener for privacy information.
3/6/202143 minutes, 7 seconds
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Lira Neto: Judeus sonhavam em construir Jerusalém dos trópicos no Recife holandês

Em “Arrancados da Terra”, o jornalista e escritor Lira Neto apresenta uma biografia coletiva dos judeus de Portugal que, no final do século 15, receberam um ultimato para abandonar o reino. Para evitar o desterro, teriam que se converter ao catolicismo ou poderiam ir parar nas fogueiras da Inquisição. O livro segue os passos dos sefarditas, que, depois da fuga de Portugal, fundaram uma comunidade em Amsterdã e, de lá, cruzaram o Atlântico com a utopia de construir, no Recife conquistado pelos holandeses, uma Jerusalém dos trópicos. Na conversa com Eduardo Sombini, Lira Neto explica a intolerância que os sefarditas enfrentaram em Pernambuco e discute a viagem, em 1654, de 23 judeus que, de acordo com evidências, deixaram o Recife logo depois da queda do governo holandês e aportaram na ilha de Manhattan.See omnystudio.com/listener for privacy information.
2/20/202146 minutes, 50 seconds
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Roberto Simon: Brasil caçou seus próprios cidadãos no Chile de Pinochet

Em outubro de 1973, um mês depois do golpe militar que derrubou Salvador Allende, agentes da ditadura brasileira foram despachados para Santiago, capital do Chile. Os oficiais tinham a missão de trabalhar com militares do regime, comandado por Augusto Pinochet, no Estádio Nacional, que tinha sido transformado em um campo de prisioneiros. Entre os milhares de chilenos e estrangeiros que passaram pelo estádio, pelo menos 52 eram brasileiros —e, abandonados à própria sorte pelo Itamaraty, muitos foram torturados pelos seus concidadãos, de acordo com relatos de presos. O episódio é uma das muitas cenas que Roberto Simon recompõe no livro “O Brasil contra a Democracia: a Ditadura, o Golpe no Chile e a Guerra Fria na América do Sul”. Neste episodio, Simon explica como a ditadura brasileira tentou minar o governo de Allende, patrocinou sua derrubada e apoiou o novo regime militar em várias frentes.See omnystudio.com/listener for privacy information.
2/6/202149 minutes, 42 seconds
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Heloisa Buarque de Hollanda: Feminismo neoliberal deixa os 99% para trás

O Ilustríssima Conversa recebe Heloisa Buarque de Hollanda, professora emérita da UFRJ e organizadora de quatro volumes da coleção “Pensamento Feminista Hoje”. Os livros dão um panorama da história do feminismo nas últimas décadas —das autoras que criaram as principais noções sobre o tema aos desdobramentos mais recentes dos estudos de gênero e de sexualidade, como o feminismo decolonial e a teoria queer. Na conversa com Eduardo Sombini, a autora situou as tendências que mais chamam a sua atenção no feminismo contemporâneo, discutiu a influência de Paul Preciado na evolução do pensamento queer latino-americano e contou o seu interesse pela ideia de feminismo para os 99%, de Nancy Fraser, que critica os discursos de empoderamento individual das mulheres.See omnystudio.com/listener for privacy information.
1/23/202145 minutes, 6 seconds
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Ilona Szabó: Bolsonaro segue passos que lembram Venezuela

A convidada do primeiro episódio do ano do Ilustríssima Conversa, podcast da Folha em parceria com o Itaú Cultural, é Ilona Szabó, autora de “A Defesa do Espaço Cívico”. No livro, a especialista em segurança pública narra como se tornou alvo de uma das primeiras campanhas de ódio na internet do governo Bolsonaro, quando o presidente exigiu que a sua nomeação para um conselho do ministério então comandado por Sergio Moro fosse suspensa. Com base nessa experiência, Szabó discute as estratégias de governantes populistas e autoritários para minar a democracia e as particularidades do caso brasileiro, que convive com milícias e tem um longo histórico de violência policial. Para a autora, a militarização do governo e a politização das polícias faz com que a situação atual do país se assemelhe ao que aconteceu na Venezuela.See omnystudio.com/listener for privacy information.
1/9/202150 minutes, 42 seconds
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Luiz Simas: Brasil institucional vive em guerra com a brasilidade

No último episódio do ano, o Ilustríssima Conversa, podcast da Folha em parceria com o Itaú Cultural, recebe o escritor e historiador Luiz Antonio Simas, que acaba de lançar, em coautoria com Luiz Rufino e Rafael Haddock-Lobo, “Arruaças: uma Filosofia Popular Brasileira”. A obra explora a ideia de que a filosofia se reinventa no cruzamento cotidiano dos saberes populares do país —nas ruas, nos estádios, nos terreiros, no Carnaval— produzindo uma brasilidade que recria perspectivas de vida, mas só consegue se afirmar nas brechas do Brasil institucional. Na conversa com Eduardo Sombini, o escritor tratou, entre outros assuntos, do significado da rua na formação da cultura do país e das trajetórias opostas do futebol e do samba ao longo do século 20.See omnystudio.com/listener for privacy information.
12/19/202050 minutes, 10 seconds
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[Conteúdo patrocinado] Médico e cineasta falam sobre a depressão, desafios e preconceitos

O cineasta Rodrigo Astiz e o médico psiquiatra Sergio Perocco falam sobre a estreia do documentário “Existir e Resistir: O Desafio da Depressão”, que narra a história de seis personagens em busca de tratamento e de aceitação. O filme mostra que a depressão afeta pessoas de todas as idades, classes sociais, sexo e profissão e dos tabus que ainda envolvem a doença.See omnystudio.com/listener for privacy information.
12/8/202033 minutes, 19 seconds
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Malu Gaspar: Odebrecht se tornou potência dando tudo o que políticos queriam

A convidada desta semana do Ilustríssima Conversa, podcast da Folha em parceria com o Itaú Cultural, é Malu Gaspar, que acaba de lançar o livro “A Organização”, que narra a trajetória da Odebrecht, das origens na Bahia na década de 1940 à derrocada com o avanço da Operação Lava Jato. Na conversa com Eduardo Sombini, a jornalista destrinchou as práticas empresariais da companhia, que tratavam os governantes como os clientes que deveriam sempre estar satisfeitos, e abordou a guerra aberta entre Emílio, filho do fundador da Odebrecht, e o seu herdeiro Marcelo, que assumiu o comando do conglomerado em 2009 e ficou dois anos e meio preso.See omnystudio.com/listener for privacy information.
12/5/202055 minutes, 43 seconds
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Entenda a originalidade da obra de Lélia Gonzalez, expoente do feminismo negro

O episódio desta semana do Ilustríssima Conversa, podcast da Folha em parceria com o Itaú Cultural, discute o pensamento de Lélia Gonzalez (1935-1994), uma das mais importantes intelectuais negras brasileiras. O repórter Eduardo Sombini recebe Flavia Rios, professora de sociologia da UFF (Universidade Federal Fluminense) e coorganizadora, com Márcia Lima, da coletânea “Por um Feminismo Afro-latino-americano” (Zahar), que reúne, pela primeira vez, a maior parte da vasta produção intelectual de Lélia Gonzalez. Na conversa, Flavia Rios discutiu os principais marcos da vida de Lélia Gonzalez, as interpretações da autora sobre a formação da cultura brasileira, que recorriam à psicanálise e sublinhavam a importância do universo simbólico africano, e o legado do pensamento de Gonzalez ao feminismo negro e às lutas antirracistas no Brasil e na América Latina.See omnystudio.com/listener for privacy information.
11/21/202053 minutes, 20 seconds
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Cartas de Clarice Lispector têm a autenticidade de sua ficção, diz editor

O novo episódio do Ilustríssima Conversa, podcast da Folha em parceria com o Itaú Cultural, conversa com o editor Pedro Vasquez, responsável pela obra de Clarice Lispector na editora Rocco. Ele comenta o livro "Todas as Cartas", que reúne a correspondência escrita por Clarice ao longo de quase quatro décadas, de 1940 até 1977, ano de sua morte. A coletânea reúne 284 cartas, quase 50 delas inéditas em livro. O ponto alto é o conjunto de cartas enviadas a outros escritores renomados, como João Cabral de Melo Neto, Fernando Sabino, Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, entre outros.See omnystudio.com/listener for privacy information.
11/7/202036 minutes, 10 seconds
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Samuel Wainer foi atacado por desafiar pilares da imprensa, diz biógrafa

Nesta semana, o Ilustríssima Conversa, podcast da Folha em parceria com o Itaú Cultural, recebe Karla Monteiro, autora de “Samuel Wainer, o Homem que Estava Lá”. Fundador da Última Hora, que revolucionou o jornalismo na década de 1950, Wainer levantou a bandeira de que os jornais deveriam ter lado —e nunca tentou esconder o seu, enraizado nos ideais do trabalhismo e do nacionalismo que Getúlio Vargas encarnava. Na conversa com o repórter Eduardo Sombini, a autora tratou da intimidade do jornalista com o poder e das críticas que sofreu ao longo da vida. Para ela, Wainer foi atacado por ser um outsider na imprensa e desafiar, com um veículo à esquerda, a história única que se via nos jornais da época.See omnystudio.com/listener for privacy information.
10/24/202046 minutes, 20 seconds
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Jairo Nicolau: Vitória de Bolsonaro é o feito mais impressionante das eleições no Brasil

O novo episódio do Ilustríssima Conversa, podcast da Folha em parceria com o Itaú Cultural, analisa a vitória de Jair Bolsonaro nas eleição presidencial de 2018.  O convidado é o cientista político Jairo Nicolau, que está lançando o livro “O Brasil Dobrou à Direita"See omnystudio.com/listener for privacy information.
10/10/202041 minutes, 3 seconds
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Pandemia tornou possível adotar medidas econômicas que não estavam no manual

O novo episódio do Ilustríssima Conversa, podcast da Folha em parceria com o Itaú Cultural, trata dos reflexos incontornáveis da pandemia do novo coronavírus sobre a economia, o trabalho e as relações internacionais. O convidado é o jornalista Vinicius Torres Freire, colunista da Folha, que está lançando o livro “Três Pragas do Vírus” pela editora Todavia. A necessidade de ampliar gastos de governos e Bancos Centrais para fazer frente à emergência da crise deixou claro que medidas tidas como “impensáveis” por economistas ortodoxos tornaram-se perfeitamente pensáveis. "Adotar medidas que não estavam no manual tornou-se possível”, diz o entrevistado.See omnystudio.com/listener for privacy information.
10/4/202037 minutes, 53 seconds
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Newton Bignotto: 'Guerra de facções' ameaça a República no Brasil

O episódio desta semana trata da história das ideias sobre a democracia no Brasil. Eduardo Sombini recebe Newton Bignotto, professor de filosofia da UFMG e autor de “O Brasil à Procura da Democracia”. O autor discute os entraves à superação do passado colonial e escravista do país e o pensamento de intelectuais que refletiram sobre as possibilidades de democratização do Brasil. Ele também comenta a conjuntura política atual: em sua avaliação, grupos de pressão lutam para impor suas demandas particulares ao conjunto da sociedade, levando à degradação das instituições democráticas e colocando em risco a República.See omnystudio.com/listener for privacy information.
9/12/202048 minutes, 18 seconds
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Muryatan Barbosa: Compromisso com a descolonização marca história do pensamento africano

No episódio desta semana, o repórter Eduardo Sombini conversa com Muryatan Barbosa, professor da Universidade Federal do ABC e autor do livro “A Razão Africana” (Todavia), que apresenta uma síntese da história do pensamento africano contemporâneo. O autor discute as heranças do colonialismo europeu na formação das ideias sobre a África, a persistência do racismo e a trajetória das propostas de desenvolvimento autônomo e integração das nações do continente.See omnystudio.com/listener for privacy information.
8/29/202048 minutes, 45 seconds
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Júlio Delmanto: Como o LSD marcou a contracultura, da geração beat à tropicália

O convidado do novo episódio do podcast é Júlio Delmanto, doutor pela USP e autor de "História Social do LSD no Brasil”. Na conversa com Eduardo Sombini, o autor aborda o papel do LSD nos movimentos de contracultura dos anos 1960, os efeitos da proibição das drogas nas últimas décadas e o atual ressurgimento do interesse pela substância por cientistas e usuários. O Ilustríssima Conversa volta ao ar com episódios inéditos em parceria com o Itaú Cultural.See omnystudio.com/listener for privacy information.
8/15/202051 minutes, 58 seconds
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Ilustríssima Conversa é interrompido até setembro

O Ilustríssima Conversa será interrompido até setembro, quando novos episódios voltarão a ser publicados normalmente. Nesse período, confira as mais de 50 entrevistas do acervo do podcast.See omnystudio.com/listener for privacy information.
6/20/202030 seconds
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Elena Brugioni: É preciso descolonizar o imaginário para entender literaturas africanas

Elena Brugioni, professora da Unicamp e autora do livro “Literaturas Africanas Comparadas”, é a convidada do episódio desta semana. Na conversa, ela analisa como a ampliação do espaço das literaturas africanas nos circuitos editoriais globais vem sendo acompanhada, em diversos casos, pela persistência de estereótipos sobre a África e por leituras reducionistas sobre o universo literário do continente. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Natália Silva Autores de países africanos com obras disponíveis no Brasil indicados por Elena Brugioni: João Paulo Borges Coelho, 65, moçambicano Pepetela, 78, angolano Wole Soyinka, 85, nigeriano Tsitsi Dangarembga, 61, zimbabuana M. Coetzee, 80, sul-africano Doris Lessing (1919-2013), britânica, viveu por mais de duas décadas na Rodésia do Sul, atual Zimbábue Nadine Gordimer (1923-2014), sul-africana Naguib Mahfouz (1911-2006), egípcio Abdulai Sila, 62, guineense See omnystudio.com/listener for privacy information.
6/6/202050 minutes, 16 seconds
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Marta Arretche: Brasil escolheu incluir pobres sem tocar em privilégios da elite

Marta Arretche, professora de ciência política da USP, é uma das organizadoras do livro “As Políticas da Política: Desigualdade e Inclusão nos Governos do PSDB e do PT”, que oferece um balanço das políticas sociais durante a Nova República. Na conversa com Eduardo Sombini, ela explica a combinação particular de medidas progressistas e privilégios tributários da elite. A pesquisadora também discute as perspectivas de desmonte de políticas sociais pelo presidente Jair Bolsonaro e de aumento da pobreza e da desigualdade durante a pandemia de coronavírus.See omnystudio.com/listener for privacy information.
5/23/202048 minutes, 14 seconds
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Sérgio Augusto: Cinema perdeu encanto e terá rumo incerto com coronavírus

Sérgio Augusto, um dos ícones do jornalismo cultural brasileiro, publicou recentemente o livro “Vai Começar a Sessão”, reunião de ensaios sobre cinema que Sérgio Augusto publicou nos últimos 20 anos no jornal O Estado de S. Paulo. O livro leva o leitor a uma viagem saborosa pela história do cine, dos filmes mudos aos lançamentos recentes. Nas imagens criadas por cineastas genais, como Hitchcock, Renoir, Lubitch, Kubrick e Dino Risi, entre outros citados no livro, ele encontra um alívio para os tempos turbulentos que vivemos. Já com relação ao cinema recente, no qual predominam as adaptações de HQs, ele anda uma tanto desaminado. O cinema se infantilizou e perdeu seu encanto, diz. E seguirá um rumo incerto com o abalo na experiência coletiva de ver um filme, uma decorrência do fechamento das salas após a eclosão do coronavírus.      See omnystudio.com/listener for privacy information.
5/12/202032 minutes, 54 seconds
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Sidney Chalhoub: Politização de epidemias sempre leva a tragédias

No episódio desta semana, Eduardo Sombini conversa com o historiador Sidney Chalhoub, professor da Universidade Harvard e autor de "Cidade Febril: Cortiços e Epidemias na Corte Imperial". Chalhoub discute linhas de continuidade entre a saúde pública do Rio de Janeiro em meados do século 19 e a situação do Brasil de 2020, paralisado pela pandemia de coronavírus, e afirma que a estigmatização de negros e pobres perdura até hoje, fazendo com que se tornem mais vulneráveis à Covid-19. O historiador trata também de episódios de politização de epidemias no passado, como a resistência a medidas de quarentena.See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/25/202052 minutes, 29 seconds
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Ilustríssima Conversa volta em 25 de abril

O podcast fará uma pausa nos dois próximos sábados (11 e 18 de abril), em razão dos feriados da Páscoa e de Tiradentes (21), e voltará com entrevista inédita em 25 de abril.See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/10/202030 seconds
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Uma opinião contrária à quarentena geral contra o coronavírus

No episódio desta semana do podcast Ilustríssima Conversa, a médica Rita Barradas Barata comenta as políticas de enfrentamento ao coronavírus. Autora de estudos sobre a histórias das epidemias, ela afirma que colocar a população inteira em quarentena não é a solução mais correta contra a atual pandemia da Covid-19 e defende um isolamento mais restrito, focado em grupos de risco, doentes e pessoas que tiveram contato com infectados.  Professora do departamento de saúde coletiva e epidemiologia da Faculdade de Medicina da Santa Casa, Rita compara o cenário atual a outros momentos de ameaça à saúde, como a gripe espanhola. See omnystudio.com/listener for privacy information.
3/27/202030 minutes, 44 seconds
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Direita precisa desesperadamente ler Merquior, diz professor

João Cezar de Castro Rocha, professor de literatura comparada da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), comenta o legado intelectual de José Guilherme Merquior, diplomata e ensaísta que foi um dos principais símbolos do liberalismo no Brasil nos anos 1970 e 1980. Coordenador das reedições da obra do autor na editora É Realizações, Castro Rocha analisa o livro “O Argumento Liberal” (1983), que volta agora às livrarias, e aponta as diferenças do pensamento liberal de Merquior em relação às ideias em voga agora no Brasil.See omnystudio.com/listener for privacy information.
3/13/202041 minutes, 6 seconds
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Brasil está esmagado por dois projetos totalitários, diz escritor

O escritor Martim Vasques da Cunha comenta seu livro “A Tirania dos Especialistas” (ed. Civilização Brasileira), coletânea de ensaios que cobre os últimos anos da política brasileira, da derrocada do PT à vitória de Bolsonaro. Doutor em filosofia pela USP, Vasques da Cunha, valendo-se de ampla referência cultural e teórica, retrata um Brasil acossado por dois projetos totalitários: de um lado, intelectuais que julgam ter todas as respostas para todos os dilemas da realidade; de outro, uma massa invisível, ressentida por ter sido desprezada pelas elites intelectuais, que contra-ataca com a revolta do subsolo, movimento liderado por Olavo de Carvalho.See omnystudio.com/listener for privacy information.
2/28/202034 minutes, 58 seconds
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Gilberto Nascimento: Apoio da Universal a políticos depende da conveniência do momento

No episódio desta semana, Eduardo Sombini recebe Gilberto Nascimento, jornalista e autor do livro “O Reino: A História de Edir Macedo e uma Radiografia da Igreja Universal”. A obra analisa o crescimento vertiginoso da Universal e a transformação de seu líder em um dos homens mais influentes da política brasileira. O autor discute também o apoio de Macedo ao governo Bolsonaro e os processos judiciais movidos contra a igreja e seus líderes.See omnystudio.com/listener for privacy information.
2/8/202050 minutes, 42 seconds
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Medo move censura ao sexo na arte, diz Eliane Robert Moraes

O episódio desta semana é sobre a censura às artes. A convidada é Eliane Robert Moraes, professora da USP e uma das maiores especialistas em literatura erótica do país. A conversa com Walter Porto aborda as razões pelas quais a arte que fala de sexo é alvo de tanta proibição. Discute também obras e autores essenciais que foram censurados ao longo da história, mergulhando nos casos de Mário de Andrade, Hilda Hilst, Vladimir Nabokov e do mais proibido de todos, o marquês de Sade. See omnystudio.com/listener for privacy information.
1/25/202044 minutes, 6 seconds
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Como as mulheres moldaram a história do cinema brasileiro

O primeiro podcast do ano discute o livro “Mulheres Atrás das Câmeras”, publicado pela Estação Liberdade em parceria com a Associação Brasileira de Críticos de Cinema. O repórter Walter Porto conversa com uma das organizadoras do livro, Luiza Lusvarghi, e com as cineastas Lúcia Murat, Tata Amaral e Julia Rezende sobre as diretoras que moldaram (e ainda moldam) o cinema brasileiro, suas dificuldades de serem reconhecidas dentro do cânone artístico e sobre a igualdade de gênero na indústria hoje.See omnystudio.com/listener for privacy information.
1/11/202049 minutes, 52 seconds
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Arte é tanto produto quanto produtora de cidades, diz antropóloga

Fernanda Arêas Peixoto organizou com o historiador argentino Adrián Gorelik o livro "Cidades Sul-Americanas como Arenas Culturais" (Edições Sesc), que discute a cultura como produto e produtora de centros urbanos. Neste último podcast de 2019, ela discute com Walter Porto a relação do Teatro Oficina com as transformações de São Paulo e a da fervilhante cultura baiana com a Salvador dos anos 1960, além de refletir sobre como as novelas da Globo e a bossa nova criaram um novo olhar sobre o Rio de Janeiro.See omnystudio.com/listener for privacy information.
12/14/201945 minutes, 43 seconds
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Liberalismo que predominou no Brasil era conservador, diz Sérgio Adorno

Em sua tese de doutorado agora reeditada no livro “Os Aprendizes do Poder” (Edusp), o sociólogo Sérgio Adorno analisou os bacharéis em direito que formaram a elite política responsável por construir o Estado brasileiro após a Independência. Ele discute com o repórter Walter Porto a formação ideológica desses jovens intelectuais, um liberalismo de teor próximo ao conservadorismo e, no mais das vezes, oposto ao ideal de democracia.See omnystudio.com/listener for privacy information.
11/30/201939 minutes, 50 seconds
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Não dá para falar de feminismo sem a mulher negra, diz Sueli Carneiro

Doutora em filosofia da educação, Sueli Carneiro é uma das principais intelectuais brasileiras, com estudo robusto e pioneiro sobre a articulação das questões de raça e gênero no Brasil. Ela teve alguns de seus principais textos reunidos pela primeira vez de forma ampla em “Escritos de uma Vida”, livro editado neste ano pela Pólen. Sueli falou ao podcast sobre a asfixia social que estrangula as mulheres negras no país e discutiu o que mudou ao longo das últimas décadas e o que permanece igual.See omnystudio.com/listener for privacy information.
11/16/201943 minutes, 54 seconds
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Sequestros de crianças comprovam violência extrema da ditadura

No livro "Cativeiro sem Fim" (ed. Alameda), o jornalista Eduardo Reina aborda um tema pouco explorado: o sequestro de bebês, crianças e adolescentes durante a ditadura militar. Reina relata 19 casos, como de recém-nascidos adotados de forma irregular por militares, com certidões de nascimento falsas. Na entrevista a Marco Rodrigo Almeida, ele conta detalhes dos sequestros e da luta atual das vítimas para encontrar suas verdadeiras famílias.See omnystudio.com/listener for privacy information.
11/2/201941 minutes, 7 seconds
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É preciso unir ciência ao saber dos sonhos, diz Sidarta Ribeiro

Todo mundo dorme e quase todo mundo sonha, mas poucos sabem qual a função disso no nosso cérebro e para que servem essas viagens noturnas. E afinal, sonhos dizem alguma coisa sobre o futuro? Um dos maiores especialistas no assunto é o neurocientista Sidarta Ribeiro, fundador do Instituto do Cérebro na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Ele lançou o livro “O Oráculo da Noite” (Companhia das Letras) e é o convidado do episódio desta semana, apresentado por Walter Porto.See omnystudio.com/listener for privacy information.
10/19/201946 minutes, 42 seconds
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Compromisso do Brasil com democracia é relativo, diz professor

O cientista político Leonardo Avritzer, professor da UFMG, comenta seu livro recém-lançado, “O Pêndulo da Democracia” (Todavia). A tese do professor é que a democracia no Brasil tem uma estrutura pendular desde o fim da Era Vargas. Ou seja, oscila entre momentos de expansão democrática e períodos de recuo dos valores democráticos. Na visão de Avritzer , o país passa por uma fase de regressão desde as manifestações de junho de 2013.See omnystudio.com/listener for privacy information.
10/5/201938 minutes, 28 seconds
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Onde houve ser humano, houve escravidão, diz Laurentino Gomes

Cerca de metade das 10 milhões de pessoas escravizadas na África desembarcaram no Brasil durante um período de 350 anos, segundo conta o jornalista Laurentino Gomes no primeiro volume de sua trilogia "Escravidão", que sai agora pela Globo Livros. Neste episódio do podcast, ele discute com Walter Porto como esse amplo sistema de cativeiro moldou a sociedade brasileira, com consequências que penalizam até hoje a população negra.See omnystudio.com/listener for privacy information.
9/21/201942 minutes, 56 seconds
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Ambiguidade racial é um dos fascínios de Machado de Assis, diz professor

Neste episódio, o professor de literatura da USP Hélio de Seixas Guimarães comenta a relação de amor e ódio de Lima Barreto, Mário de Andrade e Carlos Drummond de Andrade com o autor de “Dom Casmurro”. Guimarães organizou dois livros recém-lançados —“Escritor por Escritor: Machado de Assis Segundo Seus Pares” (Imprensa Oficial) e “Amor Nenhum Dispensa uma Gota de Ácido” (Três Estrelas)— que investigam as mudanças na recepção da obra machadiana nas décadas seguintes à morte do autor, em 1908.See omnystudio.com/listener for privacy information.
9/7/201941 minutes, 40 seconds
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Quem foi e o que pensava Paulo Freire, segundo seu biógrafo

O repórter Walter Porto recebe Sérgio Haddad, doutor em história e filosofia da educação, que lançou a biografia "O Educador - Um Perfil de Paulo Freire" pela editora Todavia. O episódio discute a trajetória e as ideias de Freire, um dos acadêmicos mais citados do mundo, cujo trabalho na área da educação voltou a ser centro de um debate repleto de desinformação.See omnystudio.com/listener for privacy information.
8/24/201946 minutes, 52 seconds
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Da escravidão à ditadura, esquecimento é marca do Brasil, diz professora

O repórter Walter Porto recebe Giselle Beiguelman para discutir a relação turbulenta do Brasil com a própria memória. Doutora em história social e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, ela fala sobre os "memoricídios" cometidos ao longo da nossa história, desde a colonização portuguesa até a ditadura militar, debate as "injeções de botox" que querem estancar o envelhecimento das nossas cidades e discute o modo como o ambiente digital afeta nossas lembranças.See omnystudio.com/listener for privacy information.
8/10/201942 minutes, 25 seconds
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Nélida Piñon: Fiz de diário da morte uma celebração da vida

Em 2015, a escritora Nélida Piñon recebeu um diagnóstico médico que lhe deu no máximo um ano de vida. Depois que a sentença revelou-se equivocada, a imortal da Academia Brasileira de Letras transformou o antigo "diário da morte" em que narrava seus últimos dias no livro "Uma Furtiva Lágrima" (Record), uma celebração da vida em que reflete sobre momentos importantes de sua história. Na entrevista com Marco Rodrigo Almeida, Nélida comenta a criação do livro e analisa o momento político e cultural do país.See omnystudio.com/listener for privacy information.
7/27/201946 minutes, 14 seconds
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Discurso de ódio é o mal de nosso tempo, diz pastor progressista

O pastor Henrique Vieira é o convidado do podcast desta semana. Ele conversou com o editor da Ilustríssima, Marcos Augusto Gonçalves, sobre seu livro "O Amor como Revolução" (ed. Objetiva), no qual rememora passagens da vida de Cristo, defende uma perspectiva progressista do cristianismo e incentiva a prática da generosidade contra os discursos de ódio.See omnystudio.com/listener for privacy information.
7/15/201941 minutes, 38 seconds
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Aids redimensiona nossa relação com o tempo, diz escritor

O ensaísta e crítico cultural Eduardo Jardim conversa com o repórter Walter Porto sobre o livro "A Doença e o Tempo - Aids, uma História de Todos Nós" (ed. Bazar do Tempo). Ele faz um apanhado histórico sobre o surgimento da Aids, destrincha sua relação com a militância LGBT e discute a maneira como a doença afeta a percepção da temporalidade, do sexo e da morte.See omnystudio.com/listener for privacy information.
7/1/201949 minutes, 40 seconds
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Reinventar a polícia é possível, diz Luiz Eduardo Soares

Um dos maiores especialistas em segurança pública do país, o antropólogo fala ao repórter Walter Porto sobre seu novo livro, "Desmilitarizar" (Boitempo). O autor discute a ligação entre o funcionamento das polícias e os altos índices de violência e encarceramento no Brasil, comenta sua tentativa de promover reformas estruturais como secretário nacional de Segurança Pública no governo Lula e critica o pacote anticrime do ministro Sergio Moro.See omnystudio.com/listener for privacy information.
6/17/20191 hour, 5 minutes, 54 seconds
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Não se ensina a escrever, mas se aprende, diz criador de curso literário

O professor e escritor Luiz Antonio de Assis Brasil é o convidado da semana. Criador da mais famosa oficina de escrita literária do país, ele formou muitos escritores hoje renomados, como Michel Laub e Daniel Galera. As três décadas de experiência nas aulas deram origem ao livro "Escrever Ficção" (Companhia das Letras), no qual busca apresentar ferramentas técnicas fornecidas pelos grandes romances que permitam a ficcionistas desenvolver suas criações.See omnystudio.com/listener for privacy information.
6/3/201954 minutes, 52 seconds
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Concurso de universidade seleciona sociopatas, diz youtuber Pirula

O biólogo Pirula, dono de canal no YouTube com quase 800 mil inscritos, e o jornalista de ciência Reinaldo José Lopes escreveram juntos o livro "Darwin sem Frescura" (HarperCollins) e participam do podcast da semana. A conversa com Walter Porto abordou as relações entre genética e homossexualidade e entre mudança climática e extinção das espécies, além da dificuldade dos meios científicos brasileiros em divulgar conhecimento para fora de suas bolhas.See omnystudio.com/listener for privacy information.
5/20/201945 minutes, 48 seconds
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Proibição de drogas foi pauta histórica de esquerda e direita

O convidado do podcast desta semana é o professor Henrique Carneiro, do Departamento de História da USP, que lança o livro "Drogas - A História do Proibicionismo', pela editora Autonomia Literária. Na conversa com o repórter Walter Porto, ele discute os motivos pelos quais algumas substâncias psicoativas são aceitas, enquanto outras não, e os efeitos das políticas proibicionistas ao longo dos séculos em países como China, Rússia e Estados Unidos.See omnystudio.com/listener for privacy information.
5/6/201947 minutes, 11 seconds
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Estelionato eleitoral passou por cruzado, câmbio e pessimildo, diz ex-ministro

Thomas Traumann, jornalista e ex-ministro de Comunicação Social no governo Dilma Rousseff, é o convidado do podcast desta semana. No livro “O Pior Emprego do Mundo” (Planeta), analisa a trajetória de ex-ministros da Fazenda desde a ditadura militar e avalia os avanços e os recuos da política econômica brasileira nas últimas décadas.See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/22/201949 minutes, 52 seconds
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Crimes revelam muito sobre a história das cidades, diz Boris Fausto

O historiador Boris Fausto é o convidado do podcast desta semana. Fausto lança o livro “O Crime da Galeria de Cristal”, no qual reconstitui três assassinatos que tiveram grande repercussão na São Paulo do início do século 20. A partir de pesquisas em jornais e documentos da época, o historiador não só resgata detalhes escabrosos dos casos como também deixa ver uma cidade que se modernizava, palco de intensos debates sobre feminismo, imigração, imprensa e justiça.   See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/8/201933 minutes, 2 seconds
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Banho de sangue marcou formação do Brasil, conta jornalista

O jornalista Thales Guaracy é o convidado do podcast desta semana. Autor de dois livros sobre o início da história do país - ”A Conquista do Brasil: 1500 - 1600” e “A Criação do Brasil: 1600 - 1700”, ele contesta a autoimagem que o brasileiro tem de si como um “povo cordial”. A colônia foi consolidada, argumenta ele, em um longo processo de guerras, conflitos religiosos e políticos e extermínio de índios. Não faltam nos livros descrições detalhadas de banhos de sangue, corpos decepados e canibalismo. Guaracy também resgata a trajetória de desbravadores fundamentais para a formação do Brasil real, como o explorador João Ramalho e o bandeirante Raposo Tavares.See omnystudio.com/listener for privacy information.
3/25/201948 minutes, 33 seconds
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Internet e capital financeiro embaçaram o mundo, diz Guilherme Wisnik

O convidado desta semana é Guilherme Wisnik, arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Seu novo livro, “Dentro do Nevoeiro” (Ubu), interliga a história da política mundial, a crítica de arte e uma análise da evolução tecnológica recente para tentar explicar a sensação de nublamento e falta de nitidez que paira sobre o espírito do nosso tempo.See omnystudio.com/listener for privacy information.
3/11/201951 minutes, 15 seconds
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Descaso com vida humana explica tragédias de Mariana e Brumadinho, diz jornalista

A jornalista Cristina Serra é a convidada do podcast desta semana. Autora de “Tragédia em Mariana” (ed. Record), livro lançado no fim do ano passado sobre o rompimento da barragem na cidade mineira em 2015, ela fala sobre como o descaso do setor público e das mineradoras e as inúmeras falhas no processo de licenciamento ambiental permitiram que a catástrofe se repetisse em Brumadinho (MG). See omnystudio.com/listener for privacy information.
2/18/201956 minutes, 8 seconds
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Jorge Amado tinha pacto com leitor, não com intelectuais, diz biógrafa

A convidada desta semana é Joselia Aguiar, jornalista, historiadora e ex-curadora da Flip, que acaba de lançar uma biografia de Jorge Amado pela editora Todavia. A conversa com Walter Porto, repórter da Ilustríssima, abordou as razões da extrema popularidade do escritor e o ressentimento provocado por ela, a militância e as desilusões do baiano com o Partido Comunista e o tratamento da questão racial em seus livros.See omnystudio.com/listener for privacy information.
2/4/201959 minutes, 26 seconds
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Direito autoral e salário de professor afetam leitura no país, diz Marisa Lajolo

A professora, pesquisadora e escritora Marisa Lajolo  é a convidada do podcast Ilustríssima Conversa desta semana. Autora de "O Que É Literatura" (1982), integrante da lendária coleção Primeiros Passos, da editora Brasiliense, que explorava conceitos e histórias sobre os limites dessa arte, Lajolo lançou uma versão atualizada do livro, com o nome  "Literatura: Ontem, Hoje e Amanhã" (Editora Unesp, 2018).`  See omnystudio.com/listener for privacy information.
1/21/201928 minutes, 41 seconds
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Brasil sonha em ser outro, mas sem mudar nada, diz Maria Rita Kehl

A convidada do primeiro podcast de 2019 é a psicanalista Maria Rita Kehl, que lançou recentemente a coletânea de ensaios “Bovarismo Brasileiro” (Boitempo).   A conversa com Walter Porto, repórter da Ilustríssima, abordou o pendor do Brasil para uma certa autoilusão e a relação dessa tendência com manifestações culturais como o samba, a televisão e a obra literária de Machado de Assis.See omnystudio.com/listener for privacy information.
1/7/201947 minutes, 28 seconds
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Limite não tira graça de piada boa, diz membro do Choque de Cultura

O roteirista e ator Daniel Furlan é o convidado do podcast Ilustríssima Conversa desta semana. Membro do Choque de Cultura, programa de humor que reúne também Caíto Mainier, Leandro Ramos e Raul Chequer, Furlan fala sobre o livro "79 Filmes para Assistir Enquanto Dirige" (Galera Record).  A ideia do volume é aproveitar os personagens criados pelo quarteto —motoristas de van do Rio de Janeiro que falam sobre filmes— como autores de resenhas de produções que vão de "O Encouraçado Potemkin " (1925) a "Inspetor Faustão e o Mallandro" (1991). Furlan, que também é colunista da Folha, discute também como é produzir conteúdo humorístico no Brasil de hoje.See omnystudio.com/listener for privacy information.
12/17/201827 minutes, 42 seconds
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'Recall' de presidente a cada 2 anos pode ser uma boa ideia, diz pesquisador

O convidado do podcast da semana é o sociólogo e cientista político Sérgio Abranches, que lança o livro “Presidencialismo de Coalizão - Raízes e Evolução do Modelo Político Brasileiro”, baseado em seu artigo influente de 30 anos atrás. A conversa com Walter Porto, repórter da Ilustríssima, abordou o funcionamento e as particularidades do nosso sistema político e a tumultuada relação dos governos pós-Constituição de 1988 com o Congresso.See omnystudio.com/listener for privacy information.
11/26/201850 minutes, 14 seconds
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Silvio Santos 'finge demência' para driblar problemas, afirma autor

O podcast Ilustríssima Conversa recebe, nesta semana, o jornalista e colunista da Folha Mauricio Stycer, que lança o livro "Topa Tudo por Dinheiro - As Muitas Faces do Empresário Silvio  Santos" (ed. Todavia). No programa, Stycer fala sobre sua pesquisa, que partiu do fato de o apresentador e dono do SBT ter passado décadas mentindo a idade —nascido em 1930, ele dizia ser de 1935. Ao longo do trabalho, que envolveu artigos e livros dos últimos 50 anos, o jornalista tenta esclarecer outras informações dúbias e pequenas mentiras sobre Silvio Santos.  As malsucedidas investidas de Silvio na política e o escândalo de fraude no banco Panamericano também são recontados no livro e na conversa, que trata ainda de como essa figura brilhante da televisão brasileira administra sua própria mitologia e chega a, segundo o autor, "fingir demência" (gíria que designa quem se faz de desentendido) para se livrar de problemas.See omnystudio.com/listener for privacy information.
10/29/201847 minutes, 45 seconds
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Ideia de Maria Bonita feminista é equivocada, diz biógrafa

A convidada do podcast Ilustríssima Conversa desta quinzena é Adriana Negreiros, jornalista e autora de “Maria Bonita - Sexo, Violência e Mulheres no Cangaço” (Objetiva). A conversa com Walter Porto, repórter da Ilustríssima, abordou a construção do mito em torno da companheira de Lampião e a brutalidade cotidiana no entorno das sertanejas nos anos 1930.See omnystudio.com/listener for privacy information.
10/15/201843 minutes, 5 seconds
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Bolsonaro se apropriou de slogan dos gays, afirma escritor

A conversa de hoje é com o escritor, João Silvério Trevisan, 74, que examina séculos de contradição da história sexual no Brasil com seu Livro "Devassos no Paraíso".See omnystudio.com/listener for privacy information.
10/1/20181 hour, 8 minutes, 34 seconds
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Governo deu condição para o PCC crescer, diz sociólogo

O sociólogo Gabriel Feltran, professor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e autor de “Irmãos - Uma História do PCC” (Companhia das Letras) é o convidado do podcast Ilustríssima Conversa da semana. A conversa com Walter Porto, repórter da Ilustríssima, abordou a estrutura, a economia e a ideologia da facção criminosa e o sistema de justiça paralela que vigora entre seus integrantes.See omnystudio.com/listener for privacy information.
9/17/20181 hour, 52 seconds
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Brasil nunca conseguiu criar uma história nacional, diz Contardo Calligaris

Nesta semana, o podcast recebe como convidado Contardo Calligaris, colunista da Folha, que reeditou recentemente o livro “Hello Brasil!”, com o acréscimo de novos ensaios e o subtítulo "Psicanálise da Estranha Civilização Brasileira". A conversa com Uirá Machado, secretário-assistente de Redação da Folha, abordou as percepções e as estranhezas do autor sobre o Brasil dos anos 1980 e sobre o país atual, tudo filtrado pelas lentes de um psicanalista estrangeiro.​See omnystudio.com/listener for privacy information.
9/3/201852 minutes, 17 seconds
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'Quis contar histórias por uma perspectiva negra', diz quadrinista premiado

Vencedor do prêmio Eisner, espécie de Oscar das histórias em quadrinhos, o paulistano Marcelo D'Salete é o convidado do podcast da semana.  Em conversa com Uirá Machado, editor da Ilustríssima, o autor de “Cumbe” e “Angola Janga” (ambos pela editora Veneta) fala sobre episódios de resistência negra no Brasil colonial e explica o processo de produção de seus livros. See omnystudio.com/listener for privacy information.
8/20/201852 minutes, 22 seconds
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Esquerda não pode jamais repetir os erros de Dilma, afirma Laura Carvalho

Laura Carvalho, colunista da Folha, professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP e autora de “Valsa Brasileira: Do Boom ao Caos Econômico” (Todavia), é a convidada do podcast da semana. Em conversa com Uirá Machado, editor da Ilustríssima, ela analisou a trajetória da economia brasileira, dos anos de crescimento no governo Lula a uma das maiores crises de nossa história, sob Dilma e Temer.See omnystudio.com/listener for privacy information.
8/6/201859 minutes, 13 seconds
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Brasil sabe de cor como fazer exclusão social, diz ex-ministro da Educação

Renato Janine Ribeiro, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (​FFLCH-USP) e ex-ministro da Educação, que acaba de lançar "A Pátria Educadora em Colapso" (Três Estrelas), é o convidado do podcast da semana. A conversa com o editor da Ilustríssima, Uirá Machado, abordou a experiência do intelectual no governo, a queda da ex-presidente Dilma Rousseff e os entraves para melhorar a educação no país.See omnystudio.com/listener for privacy information.
7/25/201854 minutes, 14 seconds
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 Brasil vive em queda de braço entre jogo eficiente e futebol-arte, diz Wisnik

O ensaísta José Miguel Wisnik, autor de “Veneno Remédio: O Futebol e o Brasil” (Companhia das Letras), é o convidado do podcast da semana. A conversa com o editor da Ilustríssima, Uirá Machado, abordou a formação do futebol no país e a constante queda de braço entre os que defendem um padrão de jogo eficiente e os que apregoam um estilo lúdico e artístico.See omnystudio.com/listener for privacy information.
7/4/201857 minutes, 9 seconds
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Futebol é tão fantástico que quase sempre supera a ficção, diz escritor

​Sérgio Rodrigues, escritor e colunista da Folha, é o entrevistado desta semana do podcast Ilustríssima Conversa. Na conversa com o editor da Ilustríssima, Uirá Machado, o autor de “O Drible” discutiu as razões pelas quais se produzem poucas obras de ficção sobre futebol no Brasil.See omnystudio.com/listener for privacy information.
6/25/201850 minutes, 46 seconds
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Racismo no Brasil não é só herança da escravidão, diz antropóloga

O novo episódio do podcast tem como convidada Lilia Schwarcz, professora do Departamento de Antropologia da USP. Na conversa com Uirá Machado, editor da Ilustríssima, ela falou sobre o livro “Dicionário da Escravidão e Liberdade” (Companhia das Letras), organizado em conjunto com Flávio Gomes, que reúne textos sobre o período escravista e o racismo que se reproduz no cotidiano brasileiro.See omnystudio.com/listener for privacy information.
6/11/20181 hour, 2 minutes, 24 seconds
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Mundo pré-globalização terminou em 2013, afirma Marcos Nobre

A conversa com Uirá Machado, editor da Ilustríssima, abordou seu livro recém-lançado, “Como Nasce o Novo” (Todavia), um mergulho aprofundado na introdução da “Fenomenologia do Espírito” de Hegel, obra essencial do pensamento ocidental. Nobre também discute semelhanças entre o início do século 19 e o contexto atual; para ele, são dois momentos em que um mundo antigo é deixado para trás.See omnystudio.com/listener for privacy information.
5/28/201855 minutes, 43 seconds
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Podcast discute principais eventos de maio de 1968

No novo episódio do podcast, Uirá Machado, editor da Ilustríssima, conversa com a jornalista Regina Zappa sobre “1968: Eles Só Queriam Mudar o Mundo” (Zahar), escrito em coautoria com Ernesto Soto. O livro trata das reviravoltas culturais e políticas que ocorreram em diversos países naquela época.See omnystudio.com/listener for privacy information.
5/14/201849 minutes, 40 seconds
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Desigualdade de gênero no Brasil é tema de podcast

A convidada deste episódio da série de entrevistas em áudio conduzidas pelo editor da Ilustríssima, Uirá Machado, é Flávia Biroli, professora de ciência política da UnB. Ela acaba de lançar o livro “Gênero e Desigualdades”, pela Boitempo, e a conversa abordou os desafios na construção de relações mais equânimes entre homens e mulheres na sociedade e na política brasileira.See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/30/201855 minutes, 38 seconds
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Grupo disputou teoria da dependência com FHC, diz professora de história

Uirá Machado, editor da Ilustríssima, fala com Claudia Wasserman, professora titular do Departamento de História da UFRGS. Ela lança pela Editora FGV o livro "A Teoria da Dependência: do Nacional-Desenvolvimentismo ao Neoliberalismo". A conversa abordou a trajetória de intelectuais que disputaram com Fernando Henrique Cardoso a paternidade da teoria da dependência.See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/16/201853 minutes, 9 seconds
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Professor de filosofia discute diferenças entre ceticismo e pós-verdade

O convidado desta edição é Plinio Junqueira Smith, professor de filosofia da Unifesp, que acaba de lançar, pela Editora Unesp, "Uma Visão Cética de Mundo", sobre Oswaldo Porchat. A conversa com Uirá Machado, editor da Ilustríssima, abordou ideias do filósofo, morto no ano passado, e as diferenças entre ceticismo e pós-verdade.See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/12/201853 minutes, 44 seconds
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Felipe Recondo debate o papel do STF durante a ditadura

Neste episódio, Uirá Machado, editor da Ilustríssima, fala com o jornalista Felipe Recondo. A conversa girou em torno do livro “Tanques e Togas”, sobre a atuação do STF durante a ditadura e o golpe militar, que será lançado pela Companhia das Letras.See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/12/201846 minutes, 34 seconds
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Francisco Bosco discute o que é politicamente correto

A conversa com Uirá Machado, editor da “Ilustríssima”, com Francisco Bosco abordou conceitos como lutas identitárias, lugar de fala e politicamente correto.See omnystudio.com/listener for privacy information.
4/12/201855 minutes, 36 seconds
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Folha estreia podcast Ilustríssima Conversa

A Folha estreia nesta segunda (19) uma nova série quinzenal de entrevistas em áudio feitas por Uirá Machado, editor da Ilustríssima. Os convidados serão autores de livros de não ficção ou de pesquisas acadêmicas. Na primeira edição, a conversa é com Conrado Hübner Mendes, professor de direito constitucional da USP, que no último dia 28 publicou um texto na Ilustríssima com duras críticas ao STF.See omnystudio.com/listener for privacy information.
2/21/201859 minutes, 2 seconds